tag:blogger.com,1999:blog-91809912956278613092024-03-13T02:29:49.582-03:00Cioranismos"Cioranismos" é eu mesmo e um pouco de filosofia com azedume. E salve Cioran!Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.comBlogger62125tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-4191331354260122322015-09-30T18:41:00.000-03:002015-09-30T18:41:51.098-03:00Por uma vez: Não a DELES, mas a NOSSA, a MINHA corrupção<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_2999">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">A
retidão está na moda. Ao menos é o que o Face me faz pensar. De uns
tempos pra cá, todo mundo é justo e detesta corrupção. Em meio a essa
onda de honestidade esbravejada sobretudo nos espaços virtuais me
pergunto se alguma das pessoas aparentemente tão iradas estaria disposta
a abrir mão das incontáveis e pequenas corrupções que (sim!) realiza
cotidianamente para poder, depois, se enfurecer com legitimidade.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3389">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3377">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Mas
a moral do brasileiro é ambígua. E já pensei inclusive que essa dupla moral
é como um alicerce oblíquo e errado onde nossa cultura se sustenta, não
poderia ser de outra maneira: também torta e errada. Porque, pra mim,
há um erro radical aqui.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3377">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3479">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">No
Brasil, as leis que regem os outros, o Outro, não regem a nós mesmos ou
a extensão do que nós somos, nossa família. Assim, nossa dupla moral diz que as leis
anticorrupção devem ser válidas e severas contra o presidente, o
prefeito da cidade, o diretor da escola, se todos eles NÃO forem membros
da minha família; mas devem poupar minha pele e a dos que têm meu sangue.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3638">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3574">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Porque
cada um sozinho pensa assim, e porque cada um no seu íntimo deseja ser
vitorioso sobre e contra todos os outros, o Brasil é do jeito que é.
Imparcialidade é um nome que brasileiro desconhece. Somos bons com nós e
os nossos, maus com os outros; tolerantes com nosso oportunismo – que
sequer é pensado nesse termo –, intolerantes com a mínima mácula alheia.
Corruptos são os outros. Nossa corrupção se chama defesa. Nós nos
defendemos; é isso o que fazemos. "É o único jeito de sobreviver à
ganância do Outro", pensamos. "É assim que funciona o sistema" –
disse-me um amigo outro dia, a um só tempo vítima e propagador desse detestável funcionamento.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3713">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3714">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Os
políticos corruptos não têm natureza diferente da nossa. Eles cresceram
no mesmo Brasil que de algum jeito silencioso nos ensinou que
precisamos tirar a máxima vantagem de todas as situações porque há os outros – que estão contra você – e há você.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3715">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_3716">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Logicamente
a corrupção dos políticos alcança mais pessoas que a de um cidadão
comum. É um mero problema de escala, não de essência. Em essência, ambas
são apenas uma. Duvido que muitos dos que se encolerizam virtualmente
contra a corrupção do "Outro" entenda isso com o coração e aja, antes de
tudo, para minar a SUA desonestidade.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_4011">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_4012">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Estou
certo de que abandonar nosso – sim, NOSSO – funcionamento corrupto é
NOSSA mais difícil e necessária reeducação. Difícil porque a cultura da
corrupção é um círculo fechado que ninguém deseja ser o primeiro a
romper. O instinto avisa que se recusar
a ser corrupto significa morrer vítima da corrupção dos outros.
Necessário porque, se os onipresentes gritos anticorrupção forem
sinceros, há pelo menos alguns milhões de pessoas insatisfeitas com o
atual aspecto do Brasil, de fato nem tão atual assim.</span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_4033">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div data-setdir="false" dir="ltr" id="yui_3_16_0_1_1443645730075_4092">
<span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">No meu pessimismo eu diria que vencer esse instinto de<span style="font-family: inherit;"> </span>sobrevivência e ser capaz de exceder nossa cultura da corrupção ao<span style="font-family: inherit;"> </span>possível
custo de “morrer” é quase impossível. Mas insisto, porque não me custa,
que entender o sentido da palavra “imparcialidade” e que a nossa
corrupção – que chamamos de “defesa” – equivale, sim, em essência, à
corrupção dos outros e mesmo à dos políticos já é começar a romper o
nojento círculo.</span></span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-68415832700528750822015-09-24T13:45:00.001-03:002015-09-24T13:45:11.671-03:00Andaluzia: caminhar e caminhar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXHQgUjCOWfARA4qcs3z30M5FdlDQQjVIH2tk5Fc3G8cKDB9VgE7YpFUnw2BWVhEak14szIVyTysYxoMfsFaWbQOiaoFBZmM_1XPQDXwYq2loacCre0Kz22E4YOSM5VEVpUvTNpg-NJUM/s1600/DSC01105.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXHQgUjCOWfARA4qcs3z30M5FdlDQQjVIH2tk5Fc3G8cKDB9VgE7YpFUnw2BWVhEak14szIVyTysYxoMfsFaWbQOiaoFBZmM_1XPQDXwYq2loacCre0Kz22E4YOSM5VEVpUvTNpg-NJUM/s640/DSC01105.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Caminho pela Andaluzia e
vou entendendo que caminhar nem sempre é o mesmo que caminhar. Ando
por uma montanha, das muitas e belas que a paisagem andaluza possui,
com meu namorado. Ele leva a mochila com nossa água, comida para a
pausa do piquenique, kit simples de primeiros-socorros, nossos
telefones e câmeras. Subo montanhas com custo. Culpo minhas pernas
magras e sem músculos que tremem para arrastar meu corpo para o
alto. Os dois vamos geralmente em silêncio, seja pelo rigor da
subida que nos impede de poder falar e andar simultaneamente, seja
por entendermos que é melhor assim, mesmo nas descidas, quando já
não há tanto esforço físico e poderíamos conversar. É uma
solidão a dois, uma solidão que não é má nem incômoda, mas
morna e agradável.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">No meio desta caminhada,
lembro de outras vezes em que caminhei, desta vez no Brasil. Penso
particularmente em duas experiências brasileiras, uma no Parque de
Sete Cidades, no Piauí; outra em Bonito, no Mato Grosso do Sul.
Ambas já aconteceram depois da minha iniciação andarilha na
Europa. Como brasileiro, às vezes mesmo eu constituo a regra e,
neste caso, descobri na Alemanha que eu – como quase todos os meus
conterrâneos – detestava caminhar. Assim, infelizmente, antes da
Europa entrar na minha vida, não fui tão bom para ser capaz de
concluir que caminhar era algo a ser pensado e feito. Ao caminhar no
Piauí ou em Bonito já tinha, portanto, certa experiência europeia
para entender como as duas culturas enxergavam esse mesmo gesto. E vi
que caminhar no Brasil podia ser algo bem diferente.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Primeiro: não se caminha
no Brasil. Logo, quando se caminha se faz algo que é alternativo e
especial. As pessoas que decidem fazê-lo – ao menos foi o que
minhas experiências me revelaram – se vêem como ótimas, afinal
são raras. Vendem uma imagem de consciência ambiental e de estilo
de vida saudável. Longe de perceber, no entanto, que consomem a
caminhada como o fazem com qualquer outro bem material ou imaterial
capaz de somar valor à imagem que desejam vender de si. Pouco
interessa a caminhada e o caminhar. Interessa o que ela contribui
para o embelezamento e enriquecimento da imagem pessoal. Como fazer
academia três vezes por semana ou comer sushi regularmente.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Como não se caminha no
Brasil, não se sabe caminhar nem ter olhos para o exterior e a
paisagem. Essa talvez seja a diferença mais radical que pude
perceber entre europeus e brasileiros: a diferença a respeito da
relação com a paisagem exterior, com a natureza. Diferente
daqueles, nós brasileiros quase sempre fugimos, sem o saber, claro,
de nos relacionarmos com o entorno. A natureza nos parece muito
desejável nas imagens das revistas turísticas com seus verdes
exuberantes, e o Pantanal exerce um fascínio mítico em muitos de
nós. Fascínio porque geralmente permanecerá distante e
irrealizável. Na realidade diária, porém, a paisagem natural que
nos circunda – talvez mesmo a muitos habitantes do Pantanal – nos
exerce pouco ou nenhum apelo, ou sequer é percebida como natureza.
Em casos muito mais tristes, mas bastante comuns, em que a natureza
passa por um momento no tempo a significar, para o brasileiro, uma
evidente oposição entre o meu e o não-meu, entendemos que ela deve
ser controlada. E a única forma de controle que conhecemos é a
supressão. Todas as vezes em que a natureza deixa de ser apenas
inofensiva, de poder ser apenas mentalmente ignorada por nós e passa
a significar algum nível de ameaça às coisas que pensamos ser
“nossas”, entendemos que é chegado o momento da luta. Uma luta
não apenas burra, por não entendermos que o que desejamos dominar
também é “nosso”, como injusta e sangrenta, vencida por nós
com irrisória facilidade por conta do aparato tecnológico à que
apenas nós, humanos, podemos recorrer e o fazemos. Ateamos fogo na
colmeia de abelhas se não a desejamos ali debaixo daquela folha de
bananeira no nosso quintal; desistimos da mangueira e das mangas por
não aceitar dividi-las com os periquitos e cortamos a árvore quando
pensamos que eles se aproveitam além da conta das “nossas”
frutas; matamos a sucuri que comeu “nosso” bezerro; caçamos e
matamos a onça que apenas ainda não fez nada, mas poderia fazer.
Penso que nesta reduzida lista encontrada em minhas lembranças
pessoais, que eu poderia facilmente estender, a imensa maioria de
meus conterrâneos não percebe nada de estranho; não percebe sequer
que há algo acontecendo aqui.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Depois há os casos em que
a natureza é apenas inócua e pode, assim, ser apenas facilmente
esquecida de lado. Nestes casos, agem nossos olhos mentalmente
fechados para o entorno. Como já disse, não temos olhos para a
paisagem, para os espaços amplos, para o longe. Nossos olhos são
para espaços exíguos e fechados, para poucas distâncias, para
paredes, para o que é mais nosso, como a sala onde se come, a casa
onde se vive ou no máximo o quintal onde se faz a festa no fim de
semana. Se viajamos de ônibus, a paisagem que flui na janela pouco
nos interessa ou bem menos que a conversa que tentamos manter ao
telefone, irritados pelas constantes interrupções na conexão. A
paisagem está lá, mas não está porque ela nada significa pra nós.
Não a enxergamos. Não sabemos lê-la como o fazemos com uma
mensagem no whatsapp. Não sabemos o que fazer com ela nem como
reagir.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Por isso na caminhada –
essa rara intermitência para o brasileiro onde ele deixa de ignorar
ou mesmo suprimir o entorno e deve enxergá-lo e mesmo interagir com
ele – a figura do guia surge como quase imprescindível. O guia
deseja curar esses olhos incapazes de enxergar as coisas que estão
para fora das paredes. Ele diz olhe isto, veja aquilo, fotografe.
Sempre as fotos. É estranho, mas sim, é preciso alguém para fazer
o caminhante enxergar a natureza. Mais: enxergar que ela pode ser
interessante e digna da sua atenção. Mas o guia, quase sempre um
pastor charlatão, tampouco entende o silêncio da natureza, e
tentará – impulsionado pelo seu espírito raso, o único que
possui – conferir-lhe os mais estúpidos significados. Ele diz olhe
esta pedra, ela se parece com o trono de um rei. Como se a pedra não
pudesse interessar por se parecer simplesmente a uma pedra. Mais
fotos. Nem guia nem guiados sabem contemplar ou estar em silêncio. O
silêncio os perturba. Assim, esse raríssimo encontro entre o
brasileiro e a natureza, que eu penso que devia ser respeitado como
uma libertadora possibilidade de se escapar por um breve momento de
um mundo histérico e saturado de signos, torna-se mera extensão da
habitual e onipresente histeria.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div lang="pt-BR" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A caminhada se torna um
evento, um show, inclusive com animador. A caminhada-show tem um
momento preciso para começar e encerrar, e um programa pensado pelo
guia com as “atrações” que merecem a atenção. Não há tempo
para sair do programa porque a procissão de caminhantes precisa
seguir. O que constatei foi que ninguém, afinal, sai do programa
porque infelizmente ninguém tem olhos para enxergar além das
escolhas filtradas pelo guia. E a procissão segue em meio a muitas
selfies vendendo saúde e infindáveis queixas do sol, do suor e da
caminhada de duas horas que já seria impossivelmente longa. A</span><span lang="de-DE" style="font-size: large;">ssim,
a</span><span style="font-size: large;"> valiosa chance de dilatar a experiência existencial, de
saltar a outra chave de funcionamento mais lenta e profunda porque
sem o excesso de </span><span lang="de-DE" style="font-size: large;">estímulos/signos</span><span style="font-size: large;"> é
simplesmente lançada ao chão: os caminhantes brasileiros sequer
farejam haver um modo mais silencioso e calmo de existir.</span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-20747121802103971092015-03-29T11:43:00.000-03:002015-03-29T12:06:12.770-03:00Pantanal, Brasil (08.2013)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwaItGl-bvqKsy4oM7LNsUCSSGcmpieZHaDOQ_31dtc452U91ZHQ37pWFt9FmIB7j1yENHIMnKV-vHAgd0RYLcmY7g9xJDMN_625Li97bipyUt0ruMWBZSr5YWqVe0eUx9jv0FfRgyWOo/s1600/DSC_0013.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwaItGl-bvqKsy4oM7LNsUCSSGcmpieZHaDOQ_31dtc452U91ZHQ37pWFt9FmIB7j1yENHIMnKV-vHAgd0RYLcmY7g9xJDMN_625Li97bipyUt0ruMWBZSr5YWqVe0eUx9jv0FfRgyWOo/s1600/DSC_0013.JPG" height="427" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_WFFVFCrPMTsyCR5Z15uEmHbxfnQXjZ87OkNoE_j3vCIFWzjIOaimBQT0tm8cJn_J1m6P-8YpZe7DEQVROX2TpPSXodvsLkiZYzfX-gO4KT3EYYOPOzLLUspMoivrDVf8xjBhdnA6sYA/s1600/DSC_0023.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_WFFVFCrPMTsyCR5Z15uEmHbxfnQXjZ87OkNoE_j3vCIFWzjIOaimBQT0tm8cJn_J1m6P-8YpZe7DEQVROX2TpPSXodvsLkiZYzfX-gO4KT3EYYOPOzLLUspMoivrDVf8xjBhdnA6sYA/s1600/DSC_0023.JPG" height="430" width="640" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkAnVITbImK6X4_yp-BmKPdjIZ3smTZfy2etcrf6ookM-DN2fhZv2YTsVtBYHhe3i7yoIJ3-PiehwLdmX7zERI6dIe0jiShSDfGjQ8N_lmOtfqJTmQbA0CqJ9_0hDISDmG4hOyl1BL-8U/s1600/DSC_0129.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkAnVITbImK6X4_yp-BmKPdjIZ3smTZfy2etcrf6ookM-DN2fhZv2YTsVtBYHhe3i7yoIJ3-PiehwLdmX7zERI6dIe0jiShSDfGjQ8N_lmOtfqJTmQbA0CqJ9_0hDISDmG4hOyl1BL-8U/s1600/DSC_0129.JPG" height="640" width="430" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCdu2scYesL9PovseWSig-hsuGZTYJKQ3w3HtSgU0wO0CSodowB6_tSrJ7pGgLUNDLJQoIifvF7ekiKMt81VqoMsIEhPlJf_2A6GK4EuxaCCJgjuorf9DZ2cehtm-Tq1L0DQPS_ngQ0vU/s1600/DSC_0106.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCdu2scYesL9PovseWSig-hsuGZTYJKQ3w3HtSgU0wO0CSodowB6_tSrJ7pGgLUNDLJQoIifvF7ekiKMt81VqoMsIEhPlJf_2A6GK4EuxaCCJgjuorf9DZ2cehtm-Tq1L0DQPS_ngQ0vU/s1600/DSC_0106.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBLfxUnowFOUlzL-SfqSX65HSKkOuF3kDeZ06nPfGuGSanp1-iezGHyOyiwCutgjMDlsgyXeAyfJe-T1Sg9QF4kb8RpgqOkDbn8pOy2Np7aGJAEjQ9ijbOVmE0U45AVm83EBPRRe_dU6U/s1600/DSC_0054.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBLfxUnowFOUlzL-SfqSX65HSKkOuF3kDeZ06nPfGuGSanp1-iezGHyOyiwCutgjMDlsgyXeAyfJe-T1Sg9QF4kb8RpgqOkDbn8pOy2Np7aGJAEjQ9ijbOVmE0U45AVm83EBPRRe_dU6U/s1600/DSC_0054.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmZseWA-puDrf-MX2J63G8_axg8964QDosLlRgXBoyayLO2IdWy71jLYFStxmfb04Pd_Wp8Nx1uBAObxdRmTnfJtTAr165bo-cZS6SpWcLp4jqfXQ2b9q0cZk7dm4p3Sx_wgCdOGNWvkY/s1600/DSC_0268.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmZseWA-puDrf-MX2J63G8_axg8964QDosLlRgXBoyayLO2IdWy71jLYFStxmfb04Pd_Wp8Nx1uBAObxdRmTnfJtTAr165bo-cZS6SpWcLp4jqfXQ2b9q0cZk7dm4p3Sx_wgCdOGNWvkY/s1600/DSC_0268.JPG" height="640" width="428" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0po_pm5fOwtKhEuLY7_v85zXJ3G2ruZYsEPPUIbDOIkUGiiI4mnjLIcaRAre1o7uCqneDeTFNSCFyF8LSAvHKjx6OtzsnnyJYjgMx4kHGQogt0dHr-drCTapg2YHaC-35gTROEeO2QXw/s1600/DSC_0299.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0po_pm5fOwtKhEuLY7_v85zXJ3G2ruZYsEPPUIbDOIkUGiiI4mnjLIcaRAre1o7uCqneDeTFNSCFyF8LSAvHKjx6OtzsnnyJYjgMx4kHGQogt0dHr-drCTapg2YHaC-35gTROEeO2QXw/s1600/DSC_0299.JPG" height="640" width="428" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh20UF1V_lGI3qwVetmkrPSiLLsRIUijH4PBjd__x8Gun1KlxfEE2p-1EtkPw7UfoSWvISiZvG5OM_6PQjOjuzZuyDHeNPKs5JFSGZFr-nREHIRExT6laovivwdOcqgYw9DAUKEniJRLqA/s1600/DSC_0067.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh20UF1V_lGI3qwVetmkrPSiLLsRIUijH4PBjd__x8Gun1KlxfEE2p-1EtkPw7UfoSWvISiZvG5OM_6PQjOjuzZuyDHeNPKs5JFSGZFr-nREHIRExT6laovivwdOcqgYw9DAUKEniJRLqA/s1600/DSC_0067.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigJFNvOseHUXDqGUVItgQXxQT2hxEsZS5aDWMq66BLVZVebcYB0lTaUcfL2GcDNH11-tN24ySqfyn9L_8TNXqoaS7UFXFbyg2F31fzngMZfJo1yOtEupy0UOaQZJUJkWsMmq__5zTUNxI/s1600/DSC_0231.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigJFNvOseHUXDqGUVItgQXxQT2hxEsZS5aDWMq66BLVZVebcYB0lTaUcfL2GcDNH11-tN24ySqfyn9L_8TNXqoaS7UFXFbyg2F31fzngMZfJo1yOtEupy0UOaQZJUJkWsMmq__5zTUNxI/s1600/DSC_0231.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6j6sEv2SAUw4iqxdBXDtdLliiEM9XSDXmm2B81EWtNn7u_XV9WLF3fyVCkpxfMyMICKXnMtbbkf7FRQ5yZHnccFNgHlUvMxMOO6MSQz4Vuoll9QTvghji2riK0LCmDDVCkPHFRA4UPpw/s1600/DSC_0209.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6j6sEv2SAUw4iqxdBXDtdLliiEM9XSDXmm2B81EWtNn7u_XV9WLF3fyVCkpxfMyMICKXnMtbbkf7FRQ5yZHnccFNgHlUvMxMOO6MSQz4Vuoll9QTvghji2riK0LCmDDVCkPHFRA4UPpw/s1600/DSC_0209.JPG" height="640" width="428" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXOwz1SzLTFeT6sLYyvovNmws2bhVjbnB6quRIy8nxCDWDDbjRONu7LoffIvSJaNH88cvo-nMUVLHnwcLlJjwUO8yEVgClxErsLngQ9ksLN2cVXR_yWplGP8bhgf3p8oA2JW_BPli6Auo/s1600/DSC_0339.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXOwz1SzLTFeT6sLYyvovNmws2bhVjbnB6quRIy8nxCDWDDbjRONu7LoffIvSJaNH88cvo-nMUVLHnwcLlJjwUO8yEVgClxErsLngQ9ksLN2cVXR_yWplGP8bhgf3p8oA2JW_BPli6Auo/s1600/DSC_0339.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQo2-_5XTIsW_WpL1hFkTXBDpiwXLandP4kRJaAKkMzvkYT66eFn-08KaF6rDVKvJJOgwFPJ36JU62Wp9o-lL4S3YvNGt3BqRNxEkmv1reubSp7nTjqfhPRG5sOpvVN9VrnORF37dab9I/s1600/DSC_0376.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQo2-_5XTIsW_WpL1hFkTXBDpiwXLandP4kRJaAKkMzvkYT66eFn-08KaF6rDVKvJJOgwFPJ36JU62Wp9o-lL4S3YvNGt3BqRNxEkmv1reubSp7nTjqfhPRG5sOpvVN9VrnORF37dab9I/s1600/DSC_0376.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeu5Zwj03eNniCN-jCDu3CSy2rpBtFJKEPglLhG0aHB_Gtq4TNvQxA4hBAXTosJlKNPO6HXRnHCr9FruHN2NlIt9xzkQ_LFGbiZE_IG2tOkCtzsjf9WXZlanVHVDBlQYxfcH41ij_at2U/s1600/DSC_0381.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeu5Zwj03eNniCN-jCDu3CSy2rpBtFJKEPglLhG0aHB_Gtq4TNvQxA4hBAXTosJlKNPO6HXRnHCr9FruHN2NlIt9xzkQ_LFGbiZE_IG2tOkCtzsjf9WXZlanVHVDBlQYxfcH41ij_at2U/s1600/DSC_0381.JPG" height="428" width="640" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuKabcsVO-_PdTBgkyfnHreyIHFb3O8dJU_8oTsN1TpulF_-S2PW213CNru_vO6jte59tOhZwe3Dsmntq2VE-ys3_F3MnHwoQE1p-s4cw41fABXd6k2Hukm_DOJTUHu9A7KJNh3TXrMiA/s1600/DSC_0084.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuKabcsVO-_PdTBgkyfnHreyIHFb3O8dJU_8oTsN1TpulF_-S2PW213CNru_vO6jte59tOhZwe3Dsmntq2VE-ys3_F3MnHwoQE1p-s4cw41fABXd6k2Hukm_DOJTUHu9A7KJNh3TXrMiA/s1600/DSC_0084.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihCDkTTvxuqc-Mfvr2z8hqmOpLbw1mfSaTp1yujfDBLHJWhy5CG__wsiBW-FiBJEAKDZwdRjinrnRJIWKIZEGd4hnJQoK1JM6Fx-DMySFZZuZtxL95rhXwyBAQuPGcx6xw1W8jbo7FtZY/s1600/DSC_0428.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihCDkTTvxuqc-Mfvr2z8hqmOpLbw1mfSaTp1yujfDBLHJWhy5CG__wsiBW-FiBJEAKDZwdRjinrnRJIWKIZEGd4hnJQoK1JM6Fx-DMySFZZuZtxL95rhXwyBAQuPGcx6xw1W8jbo7FtZY/s1600/DSC_0428.JPG" height="640" width="428" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4w8XB4zq-oO1MlTtDZ2ZPAJ5OdD4VaeJLFQRRvbO6YXKqdBVFQJxOM11Hym063M-QEcqivLQZStoZ8A0g-OPggb9_JPy8kNbSSanVhx0B-MCWmuiMSV31t2nH7C4ZlvovoThaIC0bQ9Q/s1600/DSC_0450.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4w8XB4zq-oO1MlTtDZ2ZPAJ5OdD4VaeJLFQRRvbO6YXKqdBVFQJxOM11Hym063M-QEcqivLQZStoZ8A0g-OPggb9_JPy8kNbSSanVhx0B-MCWmuiMSV31t2nH7C4ZlvovoThaIC0bQ9Q/s1600/DSC_0450.JPG" height="428" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-61547747438500335302013-12-09T08:25:00.001-02:002013-12-09T08:31:45.898-02:00Eu e Höfer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFn0cpJXGQ5lfEqdBtvugauhMJl0Lkpl3lAzIBBLonpeEDajSZqxRlh4DE6SdKbA_YsRr4ONFnLBJ6wtgPP85TygZtSLEt6TZmQRoG-7LYOlrqxwJqOGDNJff70zp3IyWdLIUn8Km3CnE/s1600/1a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFn0cpJXGQ5lfEqdBtvugauhMJl0Lkpl3lAzIBBLonpeEDajSZqxRlh4DE6SdKbA_YsRr4ONFnLBJ6wtgPP85TygZtSLEt6TZmQRoG-7LYOlrqxwJqOGDNJff70zp3IyWdLIUn8Km3CnE/s400/1a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1QOUJWsqKPrhBYjuOH3tBGTQ9KgPP9bMtb409Ohhe0pstzDz_E25o6dbCOZZ3S8WlvY0BFFdYuI3tiT8_k0hyUHb_ravUtqqx6ciN_JyCzs4bzMqARE5SGm5aM17DU7MC51LxquxgJWo/s1600/2a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1QOUJWsqKPrhBYjuOH3tBGTQ9KgPP9bMtb409Ohhe0pstzDz_E25o6dbCOZZ3S8WlvY0BFFdYuI3tiT8_k0hyUHb_ravUtqqx6ciN_JyCzs4bzMqARE5SGm5aM17DU7MC51LxquxgJWo/s400/2a.jpg" width="333" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-9kkG085LQ-6QbSDZeGsDHB-vH1Y-w03dnOb7cX0670vyS3N21Rec0DcpAfADc1iStuDz3gxR-fqgPKR9iSRsFvOCxhSeKAhu6QCr4ZG-rRDIQD79csV-1cxWz3rDHtgc00gToOK0kgM/s1600/3a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-9kkG085LQ-6QbSDZeGsDHB-vH1Y-w03dnOb7cX0670vyS3N21Rec0DcpAfADc1iStuDz3gxR-fqgPKR9iSRsFvOCxhSeKAhu6QCr4ZG-rRDIQD79csV-1cxWz3rDHtgc00gToOK0kgM/s400/3a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5h8e7uZ6LJzyuALGMm4O_Vnbz2LcF3WQsYZq56MiKFvfyaaR2irpWBIkYo4xR59uQVYXZuH5REuuXK6-VRc8LZm8nIS5YC7yKYR4m2uXwVLUuSaC7qYTnaVgcZQz0bpSU9MggRr3ANFw/s1600/4a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="398" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5h8e7uZ6LJzyuALGMm4O_Vnbz2LcF3WQsYZq56MiKFvfyaaR2irpWBIkYo4xR59uQVYXZuH5REuuXK6-VRc8LZm8nIS5YC7yKYR4m2uXwVLUuSaC7qYTnaVgcZQz0bpSU9MggRr3ANFw/s400/4a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtOTXXk0cWaQs20CzsSHEgX0927Y5sPr2j979XuyhEG_U0YI3b8AIiidJRMw0-aILBLZaHhgoAWbjYUh7o3gYF0YyIDYwrr0VshRhi4kZ3sB0O-R7gaAmw0eS6pARrq-jilWVA-LDAeK4/s1600/5a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtOTXXk0cWaQs20CzsSHEgX0927Y5sPr2j979XuyhEG_U0YI3b8AIiidJRMw0-aILBLZaHhgoAWbjYUh7o3gYF0YyIDYwrr0VshRhi4kZ3sB0O-R7gaAmw0eS6pARrq-jilWVA-LDAeK4/s400/5a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYPbOzs4Fv-qqbK-FpwlpV9YqweNWASnUIleYkgMxRav3bLEpvtenz1fKMLEFHkAUMzJ0MEu32jO2fnsrlcxoPA1Ypn_t_Vu2Wgi-YXTu_Hd4Ln1_xssKZxJpnJWWPBTiA09TqQNnPp5Q/s1600/6a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYPbOzs4Fv-qqbK-FpwlpV9YqweNWASnUIleYkgMxRav3bLEpvtenz1fKMLEFHkAUMzJ0MEu32jO2fnsrlcxoPA1Ypn_t_Vu2Wgi-YXTu_Hd4Ln1_xssKZxJpnJWWPBTiA09TqQNnPp5Q/s400/6a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxtt8pm6R4u2BO-JFTY7GW-gRxnUU6SR4kROGlVvUGjFCXt2oJu4BGGIRgtSsukBS5aTEjsup2PIk2uBMKRAKJJpR9xWvB7iY0FMMw1fNw6D7qFFLb8gdBO-EoHG98hvrSqD4vXlzrqNY/s1600/7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxtt8pm6R4u2BO-JFTY7GW-gRxnUU6SR4kROGlVvUGjFCXt2oJu4BGGIRgtSsukBS5aTEjsup2PIk2uBMKRAKJJpR9xWvB7iY0FMMw1fNw6D7qFFLb8gdBO-EoHG98hvrSqD4vXlzrqNY/s400/7a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi76DhMNCCEzkIAMZKhsmCzCiwypOTC1GUqqf9OCKiNn6OpI2CQLElUjMh2rjxpGDEWIA_7lRN-M8rPRgOcupCb9TIwZgRnqtR4okb8k_njmdQr9Msjn3Z0ttkyUPzkx-1TqwGMgDmZT-w/s1600/8a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi76DhMNCCEzkIAMZKhsmCzCiwypOTC1GUqqf9OCKiNn6OpI2CQLElUjMh2rjxpGDEWIA_7lRN-M8rPRgOcupCb9TIwZgRnqtR4okb8k_njmdQr9Msjn3Z0ttkyUPzkx-1TqwGMgDmZT-w/s400/8a.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbAzSO75Hy0adsfULws-0HeOl1uylmG56zt1vNUXBahydwSu9Zoa06Ct-wRVbWLONKCDULeh9GYu7VzlK-TmrfUS8lIaAxTpdN_nG97nsumaHJj4XcpkZNQWxHCoF5zVSi5omblqHNWBo/s1600/9a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbAzSO75Hy0adsfULws-0HeOl1uylmG56zt1vNUXBahydwSu9Zoa06Ct-wRVbWLONKCDULeh9GYu7VzlK-TmrfUS8lIaAxTpdN_nG97nsumaHJj4XcpkZNQWxHCoF5zVSi5omblqHNWBo/s400/9a.jpg" width="300" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP5L6F504c1UmBmkBidTpmuGaiwkeKrlAAIqFnODgcINDizOSGM_m-HdDB3dP-0_tTVW4HZykuHtDnCBTtxt62RbDO8nkjN6tBZnlQ6aeNp009G7lxGSGzMtgHeuO7tC1fpIQxzkeufA8/s1600/10a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP5L6F504c1UmBmkBidTpmuGaiwkeKrlAAIqFnODgcINDizOSGM_m-HdDB3dP-0_tTVW4HZykuHtDnCBTtxt62RbDO8nkjN6tBZnlQ6aeNp009G7lxGSGzMtgHeuO7tC1fpIQxzkeufA8/s400/10a.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Volto da exposição da badaladíssima (pelo menos em território alemão)
Candida Höfer - membro da não menos famosa “Escola de Fotografia de
Düsseldorf”, na verdade, um “grupo” e não uma “escola” - na mencionada
cidade alemã com uma boa sensação de conexão estética entre minhas fotos
e as dela: seria eu a Höfer que deu errado?</span><br />
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Tiradas, claro, todas as diferenças técnicas - o aparato de que
Höfer dispõe para clicar suas fotos e que, depois, a possibilita imprimi-las
em tamanhos imensos com uma resolução impossível de boa - e o tempo que
está pressuposto por trás de cada uma das fotos - para, por ex., agendar
um horário em que os espaços a serem clicados poderão estar vazios de
pessoas e para preparar a iluminação - tiradas, portanto, tais
diferenças, o que sobra, na minha opinião, são as semelhanças entre meu
modo de fotografar (que se constituiu antes de eu conhecê-la) e o seu:
uma obsessão por “limpeza” visual; por lugares vazios de gente; por
simetrias perfeitas; por linhas retas e bonitas, fugindo às linhas
orgânicas e tortuosas.</span><br />
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Sei, porém, que não sou uma Höfer e isso aqui - se alguém ainda não
entendeu - é apenas um gracejo meu, mas foi divertido brincar de Höfer!</span><br />
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">As fotos aqui, beeem menores que no museu, abafam meus defeitos
técnicos e nivelam minhas fotos com as da fotógrafa. Ou não e sou um
iludido?! (medo)</span><br />
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">As fotos acima alternam imagens minhas e da alemã, iniciando por uma minha.</span></div>
<div align="center">
</div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-48793926338693849812013-05-26T20:50:00.003-03:002013-05-28T11:50:19.565-03:00Afronta<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>A f r o n t a</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Pouco antes de sair pra jantar avaliou o dia até ali e admitiu
desgostoso que ele devia ter sido melhor. Ao ter esses pensamentos,
estava de pé, já vestido, perscrutando sua imagem no espelho do
banheiro. Com a mão direita empurrou o cabelo pra trás e manteve os
fios sob a palma, revelando a fronte, onde ele examinava, há
semanas, confrangido e impotente, o súbito recuo dos pelos das suas
têmporas. Sim, era seu dever ter produzido quase artesanalmente um
dia especial para o namorado que fazia aniversário. Apenas um dia no
ano, era difícil fazê-lo funcionar? Mas as coisas gostam de escapar
do controle, suspirou treinando resignação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">No começo da manhã, antes que o companheiro saísse da cama,
insuflou-se uma energia que ele nunca conhecia assim logo depois de
se despertar e, acelerado, deixou o quarto – possuído pela
responsabilidade de oferecer ao aniversariante o dia ideal que ele
merecia – e foi arranjar na mesa da sala de jantar uns poucos
presentes, na verdade, apenas o seu e o da sogra, que chegara dois
dias antes pelo correio. Foi então que o dia começou a fluir
sozinho, fora de qualquer agenda ideal que ele pudesse imaginar. A
vela escolhida por ele para celebrar a data, tal como um fogo de
artifício em miniatura, indomável e destruidora, como ele só
depois saberia, liberou faíscas incandescentes no ar sobre a mesa e
queimou a toalha de família que o namorado herdara da avó, que
recebera, por sua vez, das mãos da mãe que a bordara mais de um
século atrás numa Alemanha que já não existe. O aniversariante,
que nesse momento já se sentava numa das cadeiras em volta da mesa e
contemplava um pouco sonolento o crepitar da vela, terminou de
despertar de súbito quando o absurdo dos buracos negros na toalha
branca o sugou para a realidade. Tentou sorrir, perplexo, quase a
chorar. A camisa recebida de presente do parceiro incendiário
remanesceu intacta sobre a mesa como signo da paralisia emocional que
o incidente causara ao namorado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">No início da tarde foi ao correio. Pela primeira vez na vida enviava
um pacote para a Ásia, uma polo que vendera no Ebay. Quatro pessoas,
dois homens e duas mulheres, atendiam os clientes. Ele se lembrou do
rosto de um dos homens e soube imediatamente que não gostaria de ser
atendido por ele. Não pôde precisar nenhuma situação de onde essa
indisposição tivesse surgido, mas olhando para o rosto do homem
desde a fila, lembrou-se de impaciência, de <span lang="de-DE">menosprezo</span>
e de sarcasmo. Esse mesmo rosto <span lang="de-DE">cuspiu</span> em
alemão “o próximo”. Que era ele. Disse um “bom dia” firme e
bem articulado ao entregar o gordo envelope com a polo ao balconista.
Sua cabeça se abaixou um pouco em direção ao envelope que ele,
agora, tinha nas mãos, mas era difícil decidir se esse ínfimo
gesto era uma resposta ao cumprimento ou se o atendente já se
ocupava com seu trabalho para despachar o rapaz o mais rápido da sua
frente. Não disse nada, começou a digitar com rapidez as
informações do pacote. O rapaz levou a mão direita discretamente
ao bolso em busca da carteira. Não desejava incitar tampouco
experimentar a impaciência desse homem, que lhe disse, agora, algo,
que ele não pôde entender porque tentava lembrar que moedas tinha
na carteira. O céu se fechou abrupto sobre sua cabeça, vaticinando
tempestade. Detestava situações imprevistas, tanto mais situações
imprevistas <i>em alemão</i>. Vasculhou apressado sua mente para ver
se alguma palavra dita pelo balconista permanecera ali após ser
surpreendido em seus pensamentos matemáticos. Encontrou “assinatura”
e viu uma caneta estendida diante de si por uma mão que já começava
a tremer, impaciente. Assinou, precipitado, um garrancho no papel
branco do pacote, e soltou, aliviado, a caneta sobre o balcão,
preparando-se, mais uma vez, para buscar o dinheiro no bolso, cumprir
sua última obrigação e sumir dali, mas a mão que antes lhe
estendeu a esferográfica teve um espasmo e bateu convulsa sobre o
pacote. Do rosto vermelho de agitação do atendente saiu um bloco de
palavras que o rapaz tentou, aflito, separar enquanto o crescente
calor da ignomínia começou a lhe arder no peito e na face.
Entendeu, mais uma vez, “assinatura” e uma nova palavra: “fita
adesiva”. Pôs-se a assinar, agora, sobre a fita adesiva,
perguntando-se, humilhado, quantas das pessoas da fila atrás dele
assistiam ao seu ultraje, mas a mão do homem voou voraz sobre a sua
e lhe tomou a caneta. Da cabeça, voou um novo bloco de palavras ou o
mesmo de antes. O jovem não pôde diferenciar porque, nesse momento,
por já ter medo do homem e por ter um ardor a percorrer todo o seu
tronco, ocupava-se em dominar os sinais corpóreos que poderiam
denunciar o quão ferido ele se sentia. Só pôde perceber que as
palavras saíram com mais ira e impaciência, acompanhadas por uma
nova convulsão mais intensa da mão. Não, não havia ninguém na
fila que pudesse não perceber o que se passava com ele no balcão,
concluiu sendo invadido por mais calor e umidade. Buscou ávido por
uma nova palavra antes que se desvanecessem no ar, talvez aquela que
o conduzisse ao gesto correto, impacientemente esperado pelo
balconista e com o poder de por fim à sua tempestade biliar.
Encontrou uma até então despercebida: “tranversalmente”. Sua
mão tremia até o ponto de quase não poder assinar quando segurou a
esferográfica pela terceira vez temendo que a mão do outro
explodisse como bomba sobre a sua, mas confiou ter, enfim,
compreendido o gesto esperado e assinou <i>transversalmente</i> um
garrancho que começava sobre o papel e terminava sobre a <i>fita
adesiva,</i> um garrancho que nem de longe se parecia com sua
assinatura real, mas era <i>transversal</i>, era sobre o <i>papel</i>,
era sobre a <i>fita</i><span style="font-style: normal;">, e isso
parecia ser tudo o que importava. Foi como água sobre brasa
incandescente. O homem delineou um sorriso que não desejava ser mais
que ironia e desprezo, puxou, calado, o envelope para si e voltou a
digitar. A crepitação de antes foi substituída pelo silêncio do
fogo recém-afogado, um silêncio que de um lado do balcão,
significava se restabelecer das próprias cólera e impaciência e,
do outro, do medo e da injúria. De modo algum, e em nenhum dos
lados, esse silêncio já era sossego. Os dois ainda compartilharam
por árduos minutos um ar rançoso e um mutismo pesado, cheio da
memória da recente tempestade. O rapaz pensou em falar, ensaiou
mentalmente perguntar ao homem se ele sabia o que era começar depois
de adulto uma vida em outra língua, se ele sabia que sua cólera só
produzia ódio ou medo nas pessoas, se ele realmente julgava por bem
ter uma multidão de pessoas que lhe nutriam ódio ou medo. Pensou
tudo isso tentando dominar uns espasmos que começaram no interior do
seu nariz e no lábio inferior. O ardor, antes no tronco, subiu à
cabeça como febre de revolta que ele logo entendeu que se
materializaria no fluxo de um choro, que ele, pelo menos ali,
firmemente impediria. Bastava de humilhação. Não falou nada do que
ensaiou, temeu ser tomado por psicopata pelo único e verdadeiro
psicopata entre os dois. Isso seria demais. Pagou e respirou serenado
no início de um contentamento por poder finalmente deixar de
contemplar aquele rosto e de dominar os espasmos que ocorriam no seu corpo. Fora
do correio, do lado de sua bicicleta, antes de subir e pedalar pra
casa, consentiu que três lágrimas percorressem, mornas, sua face,
mas sem saber bem o porquê, mudou subitamente de ideia: não era
mais pra chorar. Segurou firme no selim para impedir o iminente
fluxo, deixou que a brisa varresse sua febre, subiu na bicicleta e
foi.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-style: normal;"><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-style: normal;"></span><span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="font-style: normal;">Em casa foi direto pro computador,
inventando tarefas, evitando o namorado pelo menos até o jantar de
aniversário, com amigos. Conhecia tanto a tentação de partilhar
histórias com ele como a sugestão do bom senso a não partilhar
essa história do correio para não entristecê-lo um pouco mais
depois da história da toalha. Melhor distância, pensou. Antes de ir
pro banho, porém, e ainda invadido pela lembrança do correio,
entendeu que precisava se expurgar dessa memória e que só falando é
que o poderia. Foi para a sala onde trabalhava o namorado decidido a
prescindir de todo bom senso. Narrou tudo, reviveu as emoções
difíceis. Dos olhos fluíram lágrimas, finalmente livres, como os
rios que só sabem correr. Expurgou-se e foi pro banho com os olhos
vermelhos e o coração pacificado. </span>Pouco antes de sair pra
jantar avaliou o dia até ali e admitiu desgostoso que ele devia ter
sido melhor. Mas para todas as coisas maiores que ele, que fugiam de
seu controle, de seus planos e de seus desejos, havia a fresca
alegria de ter um parceiro, poucos mas bons amigos e um tenro pernil
de cordeiro que dali a pouco comeria. Ao ter esses pensamentos,
estava de pé, já vestido pra sair, perscrutando sua imagem no
espelho do banheiro.
</span></span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-3721388185628873882013-05-23T08:20:00.000-03:002013-12-29T15:12:32.752-02:00O antagônico<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>O antagônico</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Quando o
namorado propôs que deixassem o quarto do hotel em Berlim,
argumentando que ia encontrar um antigo amigo que construíra uma
espaçosa casa à beira do Rio Spree e que os dois poderiam se
hospedar lá, onde era mais simpático e especial que o hotel, ele
disse que preferia voltar à casa. Tinha pouca vontade, senão medo,
de encontrar pessoas, de conviver. Mas isso último ele não disse,
os dois simplesmente sabiam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O namorado
fez o check-out, ele fez sua mala, os dois foram à estação
central. O namorado comprou hortências, ele tomou o trem. Sem as
flores. Já na poltrona e com tempo, tentou entender por que decidira
voltar à sua fastidiosa cidade se era Berlim e não ela que amava.
Não conseguiu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">À caminho
de casa, puxando a mala pelos seis minutos que separam sua casa da
estação de metrô em que descera, e ouvindo as aves que certamente
viviam ali em número maior que o de pessoas, disse, provocador, a si
mesmo “provinciano, provinciano!” Não conseguiu, porém, se
irritar ou sentir mal com o xingamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Ao procurar
na mochila a chave para entrar no prédio, entendeu que estava
sozinho. Ao girá-la duas vezes para a esquerda, já no quarto andar,
instantes antes de passar pelo umbral da porta de entrada do seu
apartamento, sentiu um aperto no peito. Em casa, acendeu quase todas
as luzes: no escuro e na amplidão do apartamento, a solidão teria
muito espaço para existir. Ligou o computador, pôs música efusiva,
fez login no skype, conferiu se o telefone funcionava, imaginou estar
a abrir portais de comunicação pelos quais as pessoas poderiam
potencialmente se comunicar com ele. Não se entendia.</span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-17234269303894179312013-01-15T21:16:00.000-02:002013-01-15T21:17:48.042-02:00Os primeiros 15 dias do novo ano em 15 considerações:<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">1. O dia
pós-noitada-funk-carioca. O silêncio dos amigos asiáticos
confirmou o que pensei ontem: eles não tiveram leitura pro Rio.
Pena. Eu me diverti muito. I., porém, só perguntava por Robyn.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">2. A casa que nunca é
cheia (e que fique claro: isso não é uma queixa) e que o foi por
dois dias retorna subitamente ao seu habitual estado vazio. O primo,
S. e T. partem de manhã. E minha depressão
pós-party-agito-muvuca-stress começa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">3. Aproveito o deserto
do inverno e da minha alma nesse dia para enfrentar “Amour”,
último filme do Haneke, que já sabia antecipadamente que
harmonizava com esse clima lúgubre. Choro copiosamente em algumas
passagens do filme, mas depois sentencio o fim desse estado cinza de
coisas: ares mais tropicais deverão ocupar essa casa a partir de
amanhã.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;">4. <span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Pensando
no primo: Por que algumas mães insistem em idealizar seus filhos
para si mesmas e os outros? Fazendo assim, agem como se fossem
incapazes de amar os filhos como eles realmente são ou como se só
pudessem amá-los bem menos do que amam os filhos por elas
idealizados.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">5. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Se
há um dia em que é certa a saudade do Brasil é no de ir cortar o
cabelo. No cabeleireiro, desejo compreensão, paciência e carinho.
Talvez isso até exista em algum Friseur na Alemanha, mas certamente
custa bem mais caro do que os 15</span></span><span lang="de-DE"><span style="font-style: normal;">€
</span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">que
estou disposto a pagar por um corte. Já faz um ano que visito um
salão porque seu slogan, quando o li pela primeira vez,
emocionou-me e fez pensar com saudosismo no fofo que cortava meu
cabelo no Coimbra, em Goiânia: “100% de paciência para o seu
cabelo”. Quisera eu ter coragem de avisar as garotas que aqui
trabalham que, na verdade, têm no máximo 60% de paciência se o
salão estiver vazio e 40 se, como hoje, estiver cheio.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">6. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Adoro
saber da futilidade que pode se ocultar por sob a aura sublime de I.
No reveillon ele me perguntou se conhecia a Lia Ices e eu fiquei
surpreso que ele pudesse ter conhecido esse nome sem minha ajuda. Eu
disse que a amava e perguntei de onde ele a conhecia: da série
“Girls”. Eu já tinha ouvido falar, mas temera me aproximar e
detestar por conta de futilidades à la “Sex in the city”, mas
se I., o Buda, assistia e gostava, quem era eu pra resistir a
“Girls”? Já estou no 6o episódio de 10.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">7. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Penso
que preciso combater uma queda capilar que identifiquei. Suplemento
de zinco? Ginco biloba? Minoxidil? Xampu contra oleosidade?</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">8. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">No
metrô para a universidade: Ouço Antony and the Johnsons como quem
deseja sentir toda a solidão do mundo e isso o faz bem.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">9. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">No
metrô, novamente: Manhã fria, feia. Adultos infantilizados – o
que penso ser bem mais comum aqui do que no Brasil – espalhados no
meu entorno. Um, que deve ser um pouco mais velho que eu, tem o
cabelo do lado esquerdo da cabeça tingido de vermelho. E pela cara
que tem, certamente se considera muito moderno, inventivo e rebelde.
A psicologia de alguns alemães juntamente com seu senso de moda...
me comove.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">10. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Pergunto-me
numa das aulas do curso de Teatrologia: poderei chegar até o fim? E
o mais difícil: poderei vencer essa faculdade? Porque às vezes
penso que um filtro, um pente fino, um exame, um professor, alguém
descobrirá que sou uma fraude, um truque, um intruso e me
desencaixará desse trilho errado que tomei.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">11. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Na
aula: Seria mais apropriado que a aula de “Novo cinema
latinoamericano” se chamasse “Novo cinema argentino”.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">12. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Na
aula, de novo: Um amigo me disse essa semana que é triste quando a
elegância chega antes do dinheiro. Hoje eu diria que é triste
quando o conhecimento chega antes da língua. Um outro amigo me
disse que sou como uma criança de 2 anos porque faz pouco mais de
dois anos que falo alemão, e que ele achava bastante normal minha
desenvoltura lingüística para a idade que ele me oferecera.
Confesso que já recorri algumas vezes a esse raciocínio para me
defender. Mas o fato é que crianças de 2 anos não têm o meu
conhecimento, e a tristeza do dia foi que esperei tanto pelo
momento, raríssimo aqui, onde eu pudesse sair da minha
invisibilidade – eu sabia que o professor exibiria um filme e
falaria do Karim A</span></span>ï<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">nouz
– e ser um adulto normal, capaz de se articular em frases
corretas, complexas e interessantes sobre um tema que eu conhecia
mais do que todos os meus pares. Porém só consegui soltar frases
com a sintaxe detestavelmente corrompida. Nervosismo, ansiedade,
expectativa, medo de errar, vá saber. Pelo menos, por dignidade,
falei pouco. </span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">13. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Parece
que S. virá mesmo. S = Brasil. Brasil me faz bem. E eu nem podia
sonhar que um dia eu dissesse isso. Talvez ele só me faz bem desde
que eu não viva nele. Para pensar.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">14. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Na
aula de Cinema Iraniano: pela segunda vez o professor exibe um filme
dublado em alemão. Não sei se sinto mais raiva por não ser capaz
de entender muito bem os diálogos (parêntese: se fosse um filme
alemão já seria mais fácil, o que dificulta a compreensão, pra
mim, é que as bocas se mexem em desarmonia com os fonemas que
escuto) ou raiva da obsessão generalizada por conforto que existe
por aqui ao se ir ao cinema e que impossibilita as pessoas
perceberem que elas perdem muito mais com um filme dublado do que o
conforto que obtêm por não terem de ler uma legenda.</span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"></span></span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #666666;"><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">15. </span></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Considerações
sobre a neve: Desde o último fim de semana, e após uma longa pausa
nesse inverno, voltou a nevar. R. diz que a neve traz o silêncio.
Outro dia enquanto caminhávamos de um restaurante pra casa,
disse-me “ouça, que silêncio! Só com a neve esse silêncio é
possível!” Pensei, mas não disse nada, que a mim parecia que ela
trazia a lentidão, talvez também o silêncio, mas o que mais
percebo é que os flocos levam mais tempo que a chuva para atingir o
chão, então imagino que tudo, juntamente com eles, funciona em
slow motion, e penso que estou dentro de uma dessas bolas de vidro –
como a que recebi quando tinha 12 anos de uma tia que vivia nos EUA
– com um pinheiro, um Papai Noel, grãos de isopor e o interior
cheio de água a fim de que os grãos caiam, quando a bola é
agitada, lentos como os flocos de neve reais. Hoje caminhando da
estação de metrô até a universidade pensei que a neve pisada era
muito semelhante à areia úmida e fina. Dezenas de estudantes
também caminhavam, imaginei todos numa praia às avessas.</span></span></span></span></span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-8292753182932014022012-12-15T10:03:00.000-02:002012-12-15T10:04:52.740-02:00A imagem, de novo<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na última terça saiu um texto meu em um dos dois jornais sérios que existem em Goiás, na verdade, no mais respeitado deles. Um texto que fora escrito algumas semanas antes e publicado aqui mesmo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://cioranismos.blogspot.de/2012/11/pinguins-supernitidos.html"><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">http://cioranismos.blogspot.de/2012/11/pinguins-supernitidos.html</span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O interessante é que eu já publicara algumas vezes antes neste mesmo jornal, mas os 15 minutos de fama continuam funcionando. Desta vez, tive a impressão, mais ainda. Após algumas conversas, entenderia que tanta fama se devia certamente à minha foto. Foi o primeiro dos meus textos com uma imagem minha do lado. Você tem de me enviar uma foto sua, me escreveu a editora. Também é interessante que justo neste texto onde escrevo sobre a onipresença da imagem, e pela primeira vez, há uma minha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A avó de um amigo, também minha amiga, alguém adorável mas incapaz de acompanhar mesmo os rasos lances abstrativos do meu texto, sentou-se no sofá - assim me narrou o amigo - e, corajosa que é, leu do início ao fim. Depois um silêncio, a intuição da imperativa necessidade de ter de proferir um comentário, mínimo que seja, e novamente a imagem: "Mas é ele mesmo, a foto dele tá aqui!"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um dia depois, converso com a mãe ao telefone. Está orgulhosa porque um artigo meu saiu no jornal na véspera de seu aniversário. É como um presente, me diz, e conta-me que a tia fez um círculo de leitura com ela e a avó e que leu para as duas. Naturalmente ninguém entendeu o texto, mas eu não esperava por isso. Pensavam, porém, entender muito bem que só pessoas muito importantes tinham a chance de expor sua voz num jornal, e que se eu a tive, devia ser importante, e dizia a verdade, porque só ela era impressa. Bom pra mim que pensassem assim. Percebi na conversa com a mãe que um buchicho tinha percorrido a família, todos curiosos para ler e ver o que afinal eu tinha dito, não diretamente a eles, de modo nenhum a eles, mas ao mundo, à massa amorfa de pessoas estranhas, como quem faz alguma espécie de terapia entregando valiosíssimos segredos a ouvidos de estranhos que sentam do seu lado no ônibus certo de que jamais voltará a encontrar a pessoa. Ou a família desejava simplesmente ver o que eu era e o que eu pensava longe deles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Lembrei a mãe de outros artigos que já publicara, tentando entender porque faziam tanto barulho. Um curto silêncio na linha, como que puxando a memória, mas ela que sempre se lembra de tudo que ocorre na família, estranhamente precisou que eu a ajudasse. E depois soltou que agora era diferente, eu não estava mais lá e mesmo assim conseguia estar, como se meu poder fosse muito amplo ao ponto de eu poder expandi-lo daqui até Goiânia, mas isso fui eu que pensei. E tem uma foto sua do lado do texto, ela revelou finalmente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhijtHebG2PFEywMUwscaWINs9xx2tyj5ibig3JXGPhTGZbAaYA7jRt-Fr1uYgpUC8D5Xa4xxx8lK_qY_2FltevsmqF367MT1WX9teI21F0eq9OH_XtQGcdmFQa9-C59acV-8ZaqNiUrnE/s1600/Pinguis+supern%C3%ADtidos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhijtHebG2PFEywMUwscaWINs9xx2tyj5ibig3JXGPhTGZbAaYA7jRt-Fr1uYgpUC8D5Xa4xxx8lK_qY_2FltevsmqF367MT1WX9teI21F0eq9OH_XtQGcdmFQa9-C59acV-8ZaqNiUrnE/s640/Pinguis+supern%C3%ADtidos.jpg" width="480" /></a></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-86382382569344166662012-12-05T15:12:00.000-02:002012-12-05T15:41:50.061-02:00Da base mística de “Life in a day” ao misticismo cool de Florence Welch: Uma semana muito mística<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;">Terça-feira</span></div>
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: x-large;"></span><br />
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-htIUo8_xb_LIaEqx75XVeq6WkvY1V9cCpV627eCeZeP6kit_eDOpoRSoAjpvBhg-DWQ8uRZS-A3PSHk8Y99uBhYS4zUw_kfZs6zFTZanGcWBHSLUT9r4-kXJIsnKS2IhiaJOPfRftGU/s1600/life+in+a+day.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-htIUo8_xb_LIaEqx75XVeq6WkvY1V9cCpV627eCeZeP6kit_eDOpoRSoAjpvBhg-DWQ8uRZS-A3PSHk8Y99uBhYS4zUw_kfZs6zFTZanGcWBHSLUT9r4-kXJIsnKS2IhiaJOPfRftGU/s400/life+in+a+day.jpg" width="280" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Assisto
na faculdade ao filme “Life in a day”, reunião de centenas de
cenas soltas filmadas por usuários do Youtube, selecionadas e
editadas por Kevin Mcdonald e mais de 15 outros diretores. Descubro,
não com surpresa, que sou dos poucos que não viu o badaladíssimo
filme. O projeto “Life in a day” foi idealizado pelo diretor
inglês Ridley Scott (<i>Blade Runner</i> e <i>Telma & Louise</i>)
em parceria com o Youtube. Milhares de usuários de supostamente todo
o globo enviaram suas filmagens realizadas no dia 24 de julho de
2010, o dia escolhido para realizar um retrato da vida neste nosso
planeta em um único dia.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Não é do meu interesse falar da
complexidade ou dos imponentes números envolvidos na realização
dessa obra. Muitíssimo já foi dito e está aí para quem o desejar.
Para mim, com minhas atuais e relativamente sérias pretensões
cinematográficas – que me fazem buscar sempre por um ensinamento
em qualquer filme a que assista – restou a lição de que áudio e
edição são tudo. Percebo – como espectador de cinema – como é
mais fácil aceitar imagens supostamente caseiras, indevidamente
iluminadas e movimentos deselegantes de câmera e inclusive ler esse
“visual falho” como escolha estético-artística, mas um “áudio
errado” dificilmente poderá passar por escolha artística, e no
geral será considerado um erro, e a obra no final e em sua
totalidade, considerada em alguma medida amadora. Isso posso dizer
também com base em minhas atuais experiências como documentarista
de férias que usa câmera HD, mas sem um bom microfone: no final,
meus filmes sempre apresentam certo desequilíbrio entre a limpeza
visual do HD e o áudio rasteiro.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No caso de “Life in a day”,
muitas cenas foram filmadas em HD e outras tantas apresentavam
movimentos bruscos de câmera e composições ou enquadramentos pouco
refletidos. Independente de seu aspecto visual, pra mim o que faz o
filme ser contemplado como a obra profissional bem finalizada que de
fato é – centenas de horas certamente foram ocupadas com
tratamento do material original, inclusive visual, e edição – é
o áudio límpido e bem editado. A decisão dos diretores por ocupar
a película constantemente com algum tipo de música sempre
justaposta ao áudio cru da filmagem original – deixando apenas em
raros momentos o som cru e puro das cenas exibidas – causa a
impressão de estarmos diante de uma obra profissional, de um filme
comercial feito para emocionar, muito diferente de filmes silenciosos
e contemplativos que só por admiráveis espectadores podem ser
vencidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Outro
aspecto que desejo comentar é o referente à mensagem da obra. Com
raros exemplos de cenas que considerei bonitas por serem ao mesmo
tempo simples, doces e interessantes no sentido de não comunicar uma
mensagem de modo explícito – como a do pai asiático que inicia o
seu dia com seu filho de cerca de cinco anos numa dessas casas-cubos
e o público contempla as atividades banais que os dois fazem
imediatamente após o despertar do filho até o momento em que
acendem um incenso à esposa e mãe falecida, numa única tomada
observamos a criança acordar no sofá, ir ao banheiro, desenhar
alguma coisa e voltar para a mesma sala onde instantes antes acordou
para acender o incenso com o pai e depositá-lo ao lado da fotografia
da mãe – a imensa maioria das cenas me pareceu demasiado
consciente da necessidade de veicular algum pensamento ou mensagem, e
isso do modo mais fácil e explícito possível: pela fala. Não me
surpreende que os diretores também optassem por incluir aos montes
tais cenas: facilita também a eles transmitir a mensagem de sua obra
– que a vida é grande e bela, seja como for, aconteça o que
acontecer, ou mesmo quando nada acontece, como afirma a garota
norteamericana que fecha a película com um monólogo sintetizador.
Tudo bem, não tenho <i>a priori</i> nada contra essa mensagem, mas
apenas quando vem de uma obra que se desejou e calculou para ser
intencionalmente fofa e incitadora de suspiros, o céu da minha boa
vontade se enegrece.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Parece-me que essa mensagem com base
mística e, além de tudo, difundida assim, desse jeito
fácil e fofo, só pode ser aceita por quem já compartilha de
antemão o mesmo germe místico que usa para justificar rasteiramente
a beleza da vida e que só necessita de uma força externa com
autoridade, com a autoridade de um filme neste caso, para permiti-lo
brotar livremente. Como nenhum germe dessa espécie me habita, tanto
mais difícil acolher a mensagem final do filme sem antes me irritar
com a facilidade e os clichês que ele percorre para exprimi-la.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;">Quinta-feira</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixG6nhr_PvKF2gH7NL2ax5_kY7eU4k7EumqqeiIoHXrtgt5Cs0B6aEUb5h_XZ_tnW-4rP5rOT_La4A2-YvwcJs-RYJl1RHGng9MSNEkq7b47kDQR4R3McSTM649NvqhMIDoijuI3TGkPk/s1600/the_tree_of_life.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixG6nhr_PvKF2gH7NL2ax5_kY7eU4k7EumqqeiIoHXrtgt5Cs0B6aEUb5h_XZ_tnW-4rP5rOT_La4A2-YvwcJs-RYJl1RHGng9MSNEkq7b47kDQR4R3McSTM649NvqhMIDoijuI3TGkPk/s400/the_tree_of_life.jpg" width="270" /></a></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Outro
filme místico, dessa vez em casa: “The tree of life”. Suspeito
que possuo algum magnetismo repulsor inconsciente que me proibiu
assistir a essa película, tornando-me assim quase o único homem da
Terra – entre aqueles que são espectadores de cinema – que não
a assistiu. (Alô! Alguém Comigo?) Na última quinta-feira, porém,
saí de minha solidão e me uni a todos os outros homens deste
planeta azul. Interessante como mesmo tendo lido nada acerca do
filme, mas apenas visto o cartaz e sabido que Pitt o protagonizava
bastou para que eu não buscasse vê-lo, como se soubesse que não
fosse pra mim. O problema nem foi o Pitt, todo sério e compenetrado
no seu papel de pai diabólico e sensível (sic). Para resumir, foi
antes, mais uma vez, como em “Life in a day”, a repisada mensagem
acerca da suntuosidade da vida e o modo raso, kitsch e grandiloqüente
com que ela é aqui comunicada.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um
filme para espíritas, pensei lá pelo meio das cenas que
reconstituíam o surgimento da Terra e os primeiros milhões de anos
da história do nosso planeta, dinossauros inclusos, sob a
musicalidade emocionadíssima de alguma ária. Uma estética e uma
calma irritante que uma ex-colega espírita minha adoraria. Posso
imaginá-la suspirando de emoção e deleite com o filme por
descobrir a sintonia entre ele e suas próprias certezas acerca da
vida e do universo. Pergunto-me se Terrence Malick, seu diretor, é
um fã de Allan Kardec. Seu filme, tanto como os seguidores de
Kardec, é carregado de uma irrepreensível e jubilosa sabedoria que
confere lógica, sentido e vontade a todos os eventos que ocorrem no
universo e que, na época de minha amizade com a espírita,
desconcertava-me quando eu sozinho comparava sua sabedoria com o
escuro mar melancólico em que eu habitava por crer que tudo fosse
absurdo, acidental e desnecessário. </span></span><span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Hoje mesmo que eu permaneça
convicto disso, meu mar é menos negro e a sabedoria espírita, longe
de me desconcertar, parece-me uma fuga eficiente entre tantas que não
fui capaz de escolher por ser um homem corajoso. Não são pra mim,
sou dos ares rarefeitos, como diria meu bom e saudoso Nietzsche.
</span></span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Voltando
ao filme do Malick, penso que essencialmente não se difere de filmes
brasileiros apologéticos do espiritismo, condensado no Brasil na
pessoa de Chico Xavier. Meu magnetismo repulsor me impediu de vê-los.
Pelo que li, porém, penso haver pelo menos dois que posso citar por
possuírem, como o filme norteamericano, sérias pretensões
comerciais, o primeiro, inclusive, com aura de superprodução
hollywoodiana: “Nosso Lar” e “Chico Xavier”. Duvido que
filmes tão panfletários como esses dois brasileiros possam ser
assistidos por espectadores com convicções opostas às das
referidas obras, penso que esses, meu caso, simplesmente pensariam
que têm coisa melhor pra fazer ou assistir. Não é meu intento,
porém, conferir se o filme “Nosso Lar” conseguiu cobrir seu
custo calculado em R$ 20 milhões. Penso apenas que se alguém
decidiu conduzir uma empresa desse porte é porque identificou a
existência de um mercado, de um público consumidor em volume
suficiente para oferecer o desejado retorno. Se supostamente existe,
no caso do Brasil, público suficiente para uma produção com apelos
altamente comerciais e ao mesmo tempo propagandista e didática, se
existe um público que não se sente molestado pela catequese
espírita, o que dizer de “The tree of life”, cuja filosofia
religiosa é <span lang="de-DE">disseminada </span>de modo bem menos
explícito, senão <span lang="de-DE">difuso e </span>indireto? Sai o
didatismo, entra um show de imagens e sons espetaculares, mas a
representação do mundo com base transcendental permanece a mesma.
Se havia um público, ao que me parece, um grande, para o didatismo
prolixo e chato dos dois filmes brasileiros – ok, matem-me! Não vi
nenhum dos dois filmes citados acima, como não preciso, na minha
opinião, ler Paulo Coelho pra saber o que ele faz – tanto mais
fácil encontrar público <span lang="de-DE">para se deleitar com </span>o
Pitt <span lang="de-DE">ou relaxar na poltrona do cinema durante os
</span>extensos<span lang="de-DE"> minutos </span>ocupados pelas<span lang="de-DE">
suntuosas cenas </span>exibindo<span lang="de-DE"> o início dos
tempos</span> na película de Malick.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A diferença reside na roupagem
que se oferece ao misticismo e no que ele passa a significar desde o
momento em que se insere no interior dessa roupagem que, por sua vez,
o traduz a quem quer que assista aos filmes. No caso do brasileiro
“Chico Xavier”, temos o próprio Chico Xavier, homem de aparência
bondosa, de voz efeminada, mansa e calma, morador de uma cidade do
interior mineiro. Em “The tree of life” temos Brad Pitt e Sean
Penn, que vivem respectivamente numa idílica casa modernista e numa
de design invejável. Alguma coisa mudou na roupagem do misticismo do
filme brasileiro para o estadunidense. Brad Pitt em sua iluminada
casa modernista – na verdade, mesmo sem ela – parece-me bem mais
legal que o senhor Xavier de Minas Gerais. O misticismo começa a ser
cool, substitui a cara do Chico Xavier pela do Brad Pitt, convive em
harmonia com interesses mais seculares como o interesse por
arquitetura e design, e mesmo o seu nome nos Estados Unidos faz
pensar em alguma coisa legal: criacionismo. Eu mesmo me deixei iludir
por esse nome no início dos anos 2000.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A
tristeza, pra mim, é que com a alteração da roupagem do
misticismo, constatei que um novo público, diferente daquele que
antes amara “Nosso Lar” e “Chico Xavier”, também é capaz de
amar “The tree of life”. Se o público de antes não me dizia
respeito e era formado por pessoas interessadas basicamente em cinema
<i>mainstream</i>, em entretenimento puro, por pessoas sem bons
conhecimentos literários ou filosóficos, o novo público que aceita
e aplaude o novo misticismo – veja exemplo de Cannes que ofereceu à
película a Palma de Ouro – é um do qual sou parte, constituído
por pessoas interessadas pelo cinema feito em todo canto do globo, e
com razoável informação de arte e de cultura erudita no geral.
Encontrei-me, de súbito, sozinho mesmo no interior desse grupo que
chamei acima de meu, porque o grupo amou “The tree of life” e eu
não. O filme ora me incomodou com seu grandiloqüente tom místico,
ora pareceu simplesmente desnecessário ou extenuantemente
contemplativo e arrastado.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O ponto em que insisto, porém, é apenas
o do tom religioso, razão da tristeza ou do desconcerto de que já
falo há algumas linhas: Como Cannes pôde não se incomodar com <span lang="de-DE">esse
tom ou julgá-lo no mínimo kitsch? </span>Eu considerava que o mundo
pensante, – como imagino serem os visitantes de Cannes e ainda mais
os seus juízes – no qual me incluo com orgulho e legitimidade,
tendesse sempre a se posicionar em defesa de seus valores e em
oposição a uma representação metafísica do mundo. Nesse
raciocínio, eu esperava, portanto, simplesmente pela naturalidade
que esse pensamento me parece ter, que o mundo pensante se
incomodasse com obras que engrossam vozes opostas aos valores
cultivados pelos espíritos livres, mas não podia nunca esperar que
ele não apenas não se sentisse molestado como também aplaudisse e
premiasse tais vozes.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Entendo
o radicalismo desse meu pensamento, como entendo que o filme – para
além de toda sua filosofia transcendental – entrega imagens
espetaculares e a análise que um personagem já adulto faz de sua
vida em retrospectiva. Malick filma contemplativamente e com
iluminação sempre bonita atividades banais ocorridas na infância
desse personagem juntamente com seus irmãos. Entendo que as pessoas
podem estar aplaudindo essas coisas, apesar de eu não considerar
nada nessa obra especialmente bom ou profundo ao ponto de poder
justificar o prêmio em Cannes. De todo modo, meu interesse como
espírito livre defensor de sua voz solitária se resume a apenas
tentar entender como foi possível que essa obra fizesse tanto
sucesso e, dessa vez, inclusive entre os espectadores de cinema
semelhantes a mim, que não se sentiram, diferente de mim, entediados
ou molestados com sua filosofia metafísica. E a hipótese em que
apostei foi a do novo misticismo entregue numa roupagem fresca e
moderna, capaz de ser aceito inclusive pelo mundo que chamei aqui de
“pensante”. Paradoxal. Mas seria isso uma nova tendência?</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;">Sábado</span><br />
</div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixn5D87Umxjga3pI66igRdS9xruKZd783HxudG9yxSBXnZjdpXmsxpoPcH6dLK8oCTfFBTwjRb5B0HAgyF3qwCGzf7v7hh7NKq9gylBIExBb9jwfGda2kfKUSMHLpoABeADjkVz7ZbnRU/s1600/Dolorida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixn5D87Umxjga3pI66igRdS9xruKZd783HxudG9yxSBXnZjdpXmsxpoPcH6dLK8oCTfFBTwjRb5B0HAgyF3qwCGzf7v7hh7NKq9gylBIExBb9jwfGda2kfKUSMHLpoABeADjkVz7ZbnRU/s400/Dolorida.jpg" width="400" /></a></div>
</div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Chego,
enfim, ao máximo baluarte, tradução personificada desse misticismo
cool que identifiquei e nomeei essa semana após a série de
coincidências – bom, também me foram necessárias, acho, intuição
e sensibilidade para ser capaz de ler essas coincidências – que
começaram na terça-feira com “Life in a day”, passaram por “The
tree of life” e chegaram a ela, a papa do misticismo cool: Florence
Welch, coração do Florence and the Machine. <span lang="de-DE">Como
f</span>ã de música independente ou indie, como é geralmente
chamada, cheguei tarde à Florence, bem depois que todos já a
amavam, alguns realmente a amavam <i>demais</i>. Novamente meu
magnetismo repulsor agindo silenciosamente? Não duvido.</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Há cerca de
seis meses decidi me entregar um dia ao trabalho de conhecê-la para
descobrir se gostava ou não. </span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na época concluí que era uma
personagem estranha e ambígua com o poder de unir elegância e poder
fashion com músicas semelhanes a hinos religiosos. Não todas,
claro, senão não existiria a ambiguidade, mas em certas letras a
referência religiosa era tão explícita que simplesmente pensei que
isso não fosse pra mim. Paralelamente, porém, fascinavam-me a
teatralidade de Florence, o cálculo de seus gestos, seu jeito
autoral de se vestir, sua relação íntima com a grife italiana
<i>Gucci</i>, que a elegeu musa e passou a desenhar pra ela roupas
exclusivas. No fim, incapaz de decidir quem ou o que era Florence, se
era uma pastora disfarçada desejando fisgar um novo público com o
logotipo da Gucci no anzol ou se as músicas tinham uma ironia acima
do meu entendimento, desisti de solucionar o enigma, deixei de ouvir
as canções que incomodavam minha irreligiosidade e passei a me
concentrar no mesmo que todos: no poder fashion, na aura de diva, no
aspecto teatral, épico e dramático das canções e apresentações.
Ninguém parecia se importar muito com o misticismo da moça.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Seis
meses após ouvir a primeira música ou sábado passado fui a um
concerto da banda aqui na Alemanha. Acostumado aos concertos
independentes que visito para 200, 500 pessoas no máximo,
impressionei com o número de pessoas que esperavam na fila quando
cheguei para ampliá-la às 6:30 da noite: pelo menos duas mil. Ali
fiquei prensado entre os hipsters europeus, entre garotas que podiam
ser irmãs da Florence, prensado e respirando amargamente a fumaça
dos seus cigarros por uma hora e meia até todos entrarmos num
recinto coberto com espaço para quase 8 mil pessoas.</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Pontualissimamente
às 8:00 começou o show de uma banda que nunca tinha ouvido falar e
que fazia o aquecimento e eu pensei essa é a Alemanha!, para logo
após sua apresentação me irritar por ter de esperar mais 40
minutos até que o palco fosse rearranjado para receber a mais atual
musa indie. Todos no meu entorno pareciam, no entanto, não se
agitar. Eu ali pensando que era problemático ir a um concerto assim
tão desapaixonadamente e ser capaz de analisar tudo com frieza
quando a presença que sobe ao palco me interrompe e reina sobre
todos, sobre mim. Florence sabe o que faz e faz bem. Tudo o que se
passou sobre o palco: gestos, frases, silêncios, expressões
faciais, efeitos de luz, projeções de imagens me pareceu totalmente
sob controle, bem pensado e calculado, nenhuma improvisação, nenhum
ato passional, nenhum gesto que não tivesse sido antes estudado,
nenhuma sombrancelha que se arqueasse involuntariamente e, no
entanto, tudo mais real que no teatro, mais intenso e emocionante.
Florence tinha carisma e os fãs colaboravam com ela, aceitavam seu
jogo, pulavam e cantavam como nunca aqui na Alemanha vi fazerem.</span></span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgScgPRZSlcV9-vWbsCJqhVXwBsAsaF7UR1CNx96ahGn86hOh3abX-8jcc9z9psh06cFTvdnqzW0E480QaFN_wa5Bk9CTbgcYnUSiLC4YiYvotNQAdPk4n-o-O6cwCrGchbz0zbQQOGO5s/s1600/Dolorida+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgScgPRZSlcV9-vWbsCJqhVXwBsAsaF7UR1CNx96ahGn86hOh3abX-8jcc9z9psh06cFTvdnqzW0E480QaFN_wa5Bk9CTbgcYnUSiLC4YiYvotNQAdPk4n-o-O6cwCrGchbz0zbQQOGO5s/s640/Dolorida+2.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYqstw3L4l8vMl2ztZ6t-moyywfhXTR8n2_lXFU8axZQLYsdljK0o-j83OhjVzHJ9C8_5D0Jd3lafcEd7Mu0Am50uzugmdoMuwN7st_CDqiaRrhs4g18CIGjTpe8YiE2r9h9YXSJuVps/s1600/DSCF5455.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYqstw3L4l8vMl2ztZ6t-moyywfhXTR8n2_lXFU8axZQLYsdljK0o-j83OhjVzHJ9C8_5D0Jd3lafcEd7Mu0Am50uzugmdoMuwN7st_CDqiaRrhs4g18CIGjTpe8YiE2r9h9YXSJuVps/s640/DSCF5455.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGj3OMTaO7wJwRwvx-0r23PSDOY0pREa1kw9g2bitqrnTH0kP2HDXbFAskS_5lImow4DnDzd4T16xWXX4H53lxYY4b_B67hp_zlTxDsVgPC9zM2Whe-i7mt4eauwNhxShztWuC-CQQOaM/s1600/DSCF5425.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGj3OMTaO7wJwRwvx-0r23PSDOY0pREa1kw9g2bitqrnTH0kP2HDXbFAskS_5lImow4DnDzd4T16xWXX4H53lxYY4b_B67hp_zlTxDsVgPC9zM2Whe-i7mt4eauwNhxShztWuC-CQQOaM/s640/DSCF5425.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
</div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Antes da metade do show, durante a música que em casa sempre posso
evitar, a imagem que surgiu em minha mente me irritou um pouco,
lembrou-me do problema inicial que tive com a moça, seis meses
atrás, ao conhecê-la e perceber seu misticismo especialmente nessa
canção: toda a paisagem me lembrou dos, hoje detestáveis,
concertos de música gospel, no caso, da renovação carismática
católica, que visitei quando adolescente.</span></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF13xXhRkDshAgvTp3h8YjiO7aOCknW9oCycX1X6ZTqKBh1PgvjlsSzm82fduQNdLxrB6FdY00XPY9f1tG_BaeG-qd_RskddfNB9ZFPmicXHSeh_t235uSmLLz_QI-nCp3qGcJYflOuQE/s1600/DSCF5423.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF13xXhRkDshAgvTp3h8YjiO7aOCknW9oCycX1X6ZTqKBh1PgvjlsSzm82fduQNdLxrB6FdY00XPY9f1tG_BaeG-qd_RskddfNB9ZFPmicXHSeh_t235uSmLLz_QI-nCp3qGcJYflOuQE/s640/DSCF5423.JPG" width="640" /></a></div>
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0muESH7Zh9oOMlCy7Jpoc_yUTn07fmiMVS0VnAm5UFbT5MlEWEjCQdRJl4LuR7jaX6xK9VuBgL31cubQIQHpyzweov_6wC8SoPAhqQrlZHAb2h6CBNveXfCfZAObmH_mLKoI0dxvOztU/s1600/DSCF5439.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0muESH7Zh9oOMlCy7Jpoc_yUTn07fmiMVS0VnAm5UFbT5MlEWEjCQdRJl4LuR7jaX6xK9VuBgL31cubQIQHpyzweov_6wC8SoPAhqQrlZHAb2h6CBNveXfCfZAObmH_mLKoI0dxvOztU/s640/DSCF5439.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSglKpTdG9yjpwf5PaKHZjFfIi6pM6URIHOp3SzhXc99BUUDN3dQNUih6KdXPXnCNZEQk30aLU7iKp359APGQwaGObBWCPpNzPyGIrS6mW_rwBlHpl1EfaC1Za4o1tjEeEeCM3MLZwo_g/s1600/DSCF5461.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSglKpTdG9yjpwf5PaKHZjFfIi6pM6URIHOp3SzhXc99BUUDN3dQNUih6KdXPXnCNZEQk30aLU7iKp359APGQwaGObBWCPpNzPyGIrS6mW_rwBlHpl1EfaC1Za4o1tjEeEeCM3MLZwo_g/s640/DSCF5461.JPG" width="640" /></a></div>
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<br />
<span style="color: #666666;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Não vi ninguém que
parecesse, como eu, se entediar com o texto que dizia “Lord you've
got the love I need to see me through”. Não, eles pareciam sim
gostar de entoar esse mantra puxado do fundo da alma como se isso os
fizesse bem, como se já sentissem o puro amor aconchegar sua alma,
alguns quase berravam do meu lado. Tudo essencialmente idêntico ao
que ocorria nos shows da Renovação Carismática Católica, com a
diferença básica de que aqui o misticismo é abafado e
intencionalmente esquecido porque supostamente há coisas bem mais
interessantes acerca de Florence.</span></span></div>
<div lang="pt-BR" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Comecei a pensar,
porém, após minha experiência no concerto que não é possível
escutar uma música como “You've got the love” e fingir que não
há nada transcendental ali. Na verdade os fãs da moça não podem
nem desejam fingir que não há nada religioso nela. Pelo contrário,
cantam junto inclusive as músicas que mais me constrangem pelo teor
místico com o mesmo fervor que conheci na igreja. Volto, portanto, à
minha teoria sobre a roupagem em que o misticismo é entregue.
Florence é um ícone fashion, é o rosto que a Gucci escolheu ter no
ano 2012, cursou Artes na faculdade, ela não se parece com nenhuma
pastora tradicional e chata tentando ser moderna e cool. Nem ela nem
seus fãs são chatos, cafonas e sem informação de moda como os
visitantes de encontros de jovens religiosos. Ela já possui desde
seu surgimento um firme e irrevogável status cool, e seus fãs sabem
de alguma forma inconsciente se beneficiar dele para melhorar suas
próprias imagens. O problema, pra mim, é que o misticismo está aí,
e os fãs de Florence, longe de serem poucos, o aceitam. O pessoal
cool que esculacha a igreja e que ri da cafonice dos jovens
carismáticos católicos aceita a mesma coisa que estes, como se o
status cool de Florence tivesse o poder de transformar a
religiosidade numa coisa legal, como se no final a religiosidade
fosse perdoada pela Gucci. Novamente me vejo sozinho no interior de
um grupo que eu pensava incluir pessoas bastante semelhantes a mim,
que deviam, portanto, como eu, rejeitar o misticismo de Florence,
que irrita meus pensamentos filosóficos, mas não parece fazer o
mesmo aos meus companheiros de grupo. Será que o que estou chamando
neste texto de “misticismo cool” é a nova tendência de
representação do mundo entre as pessoas “pensantes” e que
restei sozinho? Medo. </span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #666666; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHIMT26nhE-fziILzGh9ZHSpP1qrG0eGDpWD8TE3ewNqp1KCrapmqAel9iXvdynG0P1AdSH6XYhKdVmwLm7rQ3KwQIpJhDzl_n1ZLZGGIQXRx4hCI5WcDhRCF-Id3UKRw6BfJ2ipEiE9o/s1600/DSCF5471.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHIMT26nhE-fziILzGh9ZHSpP1qrG0eGDpWD8TE3ewNqp1KCrapmqAel9iXvdynG0P1AdSH6XYhKdVmwLm7rQ3KwQIpJhDzl_n1ZLZGGIQXRx4hCI5WcDhRCF-Id3UKRw6BfJ2ipEiE9o/s640/DSCF5471.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEUyAdrOUrxbYEc90gD9DWnDeO3uY13w_ff5JWIwCbLN1b4lsPHu_PUdMmuSzOt1cFfZOKgAAHKRjZClHw0DShHxmAggA9BBLO6G7pD4a2nMQZoR0y1xY-6uVjh86agZx3QgeL_nwzCw/s1600/DSCF5480+blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEUyAdrOUrxbYEc90gD9DWnDeO3uY13w_ff5JWIwCbLN1b4lsPHu_PUdMmuSzOt1cFfZOKgAAHKRjZClHw0DShHxmAggA9BBLO6G7pD4a2nMQZoR0y1xY-6uVjh86agZx3QgeL_nwzCw/s640/DSCF5480+blog.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWhQ4bSwF9tGdj9dFxGa-x80m6iTve90pkk4wsbOUdKbVO-4gEEVelCVkbXXq_fsw7ctcu8B1JL3j9K1h39dx6y9QoqXWEKZuNbbNg93csps355qvW6OS10dokS36o3F66axaeiFXI63g/s1600/DSCF5431.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWhQ4bSwF9tGdj9dFxGa-x80m6iTve90pkk4wsbOUdKbVO-4gEEVelCVkbXXq_fsw7ctcu8B1JL3j9K1h39dx6y9QoqXWEKZuNbbNg93csps355qvW6OS10dokS36o3F66axaeiFXI63g/s640/DSCF5431.JPG" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;">Todas as fotos do concerto são minhas.</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
</div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-49081211686066458392012-11-22T21:51:00.000-02:002012-11-25T11:04:49.250-02:00Pingüins supernítidos<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nunca
compro Cds. Não sou alemão, meu negócio é mesmo a pirataria. É
feio – só hoje sei, só hoje após morar na Alemanha admito que a
pirataria é feia – mas é assim. A verdade não se pergunta se é
bonita ou feia, ela <i>é</i>. E meu dinheiro não vai nem pra Cds
nem pra filmes. Geralmente vai pra roupas, com prazer. Que aumenta
conforme aumenta a distância entre o valor que paguei e o valor que o
mercado convencional atribuiu à roupa por mim comprada.
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Semana
passada, numa rara conversa com um colega de faculdade, ele me disse –
após ser perguntado se não se sentia oprimido pela proibição de
baixar coisas aqui – que não precisava baixar nada, que ele
comprava tudo, que os filmes não eram caros, que ele gostava de
colecionar – nesse momento ri por dentro lembrando da minha coleção
de mil filmes piratas, só existentes digitalmente no interior do meu
HD. Não, não senti vergonha dela, mas não a
mencionei a ele. Não entenderia. Operamos em sistemas opostos.
Acho Cds caros, ele baratos. Acho um desperdício gastar 17,99<span lang="de-DE">€
</span>com um CD, ele desconhece outro caminho para poder fruir o
conteúdo de um.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Apesar
de nunca comprar Cds, decidi hoje ir à <i>Saturn</i> ver que
novidades sonoras rolavam por lá ou mais exatamente ouvir o último
álbum do Patrick Wolf antes de poder baixar ou comprar meu exemplar.
Sim, comprar. Parêntese: O Wolf constitui um caso excepcional e se insere no
exíguo grupo de artistas, no máximo cinco, para o qual reservo comportamentos mais enérgicos e calorosos, como ir aos seus concertos, pedir autógrafos e comprar materais autênticos. Comprar o álbum, porém, com o alto preço que ele possui logo após o lançamento ainda me é difícil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A
<i>Saturn</i> é uma rede alemã de lojas de eletrônicos e
eletrodomésticos que também oferece filmes e música. Mas meu CD
desejado, claro, ela não pôde me oferecer. Nenhum sinal de que Patrick teria passado por lá. Mal nenhum. Contetei-me em
encenar que eu comprava o último dos Pet Shop Boys, do Massive
Atack, da Fine Frenzy e do Mika, testando os álbuns nos fones de
ouvido da loja onde as músicas se sucediam veloz e irritantemente limitadas
a durações de trinta segundos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Estou de pé, mochila no chão aos meus pés: se é pra fruir música, sem peso nos ombros! Fones macios sobre as orelhas, alguma música dos Pet SB me faz bater o pé direito ritmadamente no carpete, bom sinal, devia baixar o álbum. Esqueçamos, no entanto, os Cds e as músicas. Percebo haver logo atrás de mim dois monitores de LCD
que exibem um documentário chamado <i>Planeta</i> <i>Congelado.</i>
Cheguei, enfim, ao tema que desejava falar aqui: não de música, mas também não desse documentário, e sim de <em>imagem</em>. Uma cena com um pingüim me fascinou e fisgou para que eu seguisse contemplando um dos
monitores enquanto a alucinada procissão de músicas prosseguia em
meus ouvidos. Um pingüim salta do mar onde até então nadava para
cima do gelo. A câmera, instalada frontalmente a ele, exibe o
momento do salto em <i>close</i> e num <i>slow</i> <i>motion</i> tão
nítido que pensei, e isso é certo, que jamais poderia enxergar
assim na realidade. Gotas <span lang="de-DE">d'</span>água se
desprendem do corpo negro do animal, onde eu poderia identificar,
caso houvesse tempo, a menor falha na penugem, e se balançavam no
ar, já soltas, como brilhantes bolhas de sabão onde eu podia enxergar as linhas de seus contornos pulsando e vibrando durante o salto até se arrebentarem
no gelo. A ave desliza com a barriga em minha direção até quase
tocar a câmera. Outra cena deslumbrante se inicia. E outra. E mais
uma. Um cartaz ao lado do monitor alardeia: O Blu-ray é mais nítido
que a realidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Eu e
Sontag diríamos que o Blu-ray quer desbancar a realidade. Durante
uma das cenas desse trailer que me deixou atônito, lembrei de minha
leitura de <i>Diante da dor dos outros</i>. Nesse maravilhoso livro,
a norte-americana, analisando a profusão de imagens da dor a que
temos acesso diariamente e que só aumentou ao longo da história –
não apenas devido à ampliação das possibilidades de registro
dessas imagens, mas também devido às novas possibilidades para sua
difusão – conclui que paradoxalmente, apesar de nos sentirmos mais
próximos das realidades dolorosas com que entramos em contato, por
exemplo, todos os dias pelos noticiários, tornamo-nos no fundo e na
realidade mais insensíveis e indiferentes à dor dos outros, porque
indiferentes às imagens que simbolizam e comunicam a dor. Sontag
continua: já vimos tudo, já vimos demais, nada nos foi poupado, já
vimos a face mais horrível da dor e mais nada é capaz de nos
chocar, a imagem perdeu seu poder de choque. Especialmente após o
fatídico 11 de setembro, para a autora, o início oficial da Era da
Impossibilidade do Choque.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O
Blu-ray me fez pensar numa nova versão dessa tese: A beleza, tanto
como a dor, também já não pode chocar ou surpreender, para usar um
vocábulo mais positivo. Enquanto eu contemplava a tela pensando
ouvir a Sontag falando comigo, muitos clientes passavam por ali,
nenhum, porém, se surpreendia com a impossível nitidez daqueles
pingüins. Àquelas pessoas, era como se as imagens não comunicassem
nada, muito menos beleza excessiva. Ninguém as enxergava. Porque
estão em todos os lugares – responderia Sontag. Há o problema da
ecologia das imagens, e ela já começaria com uma nova tese. Já não
há ecologia de imagens: não há qualquer
respeito, parcimônia, hesitação ou limite para seu registro em
qualquer suporte. Elas são onipresentes, superabundantes,
redundantes, promíscuas, prostituídas. E ao que me parece o serão
cada vez mais. O progresso assim o deseja, e não se contém o
progresso – assim pensamos hoje. Se o Blu-ray é possível, ei-lo.
E como tudo se altera tão rápido nesse setor tecnológico, logo a
imagem <span lang="de-DE"><i>full-HD</i></span> receberá duas, três
vezes mais nitidez, até que esses meus olhos, esses meus débeis e
míopes nem possam mais acompanhar. <span lang="de-DE">Como se
fascinar com a realidade, hoje, ou depois de tudo o que virá</span>,
se nem mesmo a supernitidez <span lang="de-DE">do pingüim exibido em
</span><span lang="de-DE"><i>full-HD</i></span> é digna de fascínio?
<span lang="de-DE">Se perto dela a realidade é esmaecida e escura?</span>
A solução, se houver, parece-me longe de ser simples porque o
caminho que fizemos até aqui não pode ser percorrido para trás até a longínqua era em que o choque era possível.
Ressuscitar o choque ou o fascínio em meio à irreversível presença
imagética do nosso tempo parece exigir a rara habilidade de enxergar para além da
imagem e com instrumentos que não apenas os olhos, e isso para o bem
de nossa própria realidade e da dos outros, seja ela bela ou
horrorosa.</span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-34966555842043748812012-11-14T21:59:00.001-02:002012-11-14T22:00:54.826-02:00Autobiografia x futebol<span lang="pt-BR"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Num dos
encontros da disciplina de autorrepresentação que estou fazendo
nesse semestre, o professor perguntou quem já tinha escrito uma
autobiografia.</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span lang="pt-BR">- Já
escrevi ou estou escrevendo. Comecei com dezenove anos, na metade do
curso de filosofia que eu então fazia. Conhecera Nietzsche,
Montagne, Camus que escreviam sobre seus mundos e filosofavam ao
mesmo tempo em que falavam de si mesmos. Achava e acho uma delícia
essa biografia que não se faz da mera narração de gestos
cotidianos e banais, mas vem encaixada no meio da filosofia ou da boa
literatura. Sou um filósofo e filósofos podem ser densos, sérios,
austeros e escrever biografias aos dezenove, como eu.
Acho que há uma graça em ser romântico, em ser romântico </span><span lang="pt-BR"><i>hoje.
</i></span><span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;">Escrevi
a primeira parte de minha biografia performativizando
inconscientemente Montagne ou Nietzsche, mas pensando conscientemente
que eu era um filósofo e que podia me levar, sim, à sério e
escrever com esse mesmo espírito de seriedade. A última vez que
reli as 40 páginas escritas nessa época foi há seis meses e não
me constrangi. O estilo é pesado e sem humor, mas aceitável pra um
garoto que só começava a aprender a pensar e a escrever. Não,
nunca fui realmente um prodígio, nem prematuro, apesar de ser velho
desde os quinze.</span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span><br />
<span style="font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="pt-BR"><span style="font-style: normal;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Não
disse, porém, nada disso na sala. Não surpreendi o professor, que
logo e antes que pudesse receber qualquer resposta, emendou levemente
– vocês têm 23 anos de idade! Quem é que quer escrever biografia
com essa idade! Vocês querem ver futebol na TV! O clima era leve e
galhofeiro, inoportuno para um filósofo e sua seriedade
performativizada.</span></span></span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-63680302941630806532012-11-08T20:37:00.001-02:002012-11-08T20:39:34.364-02:00Ego<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Lembrete:
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Não me sentar mais no
fundo da sala se eu quiser levar a aula “Ich bin uns” sobre
autorrepresentação à sério. O pessoal do fundo se ouriça feito
formiga em formigueiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">[…]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">É preciso ter um ego
muito grande ou certamente bem maior do que o meu para poder,
durante uma aula em que alguém supostamente deveria ouvir e dirigir
sua atenção ao professor que na frente da sala palestra sobre algo
que ele estudou, planejou, dispendeu energia mental para oferecer ali
na sala, ali na frente dos alunos o resultado de suas reflexões, é
preciso um ego muito grande para ser capaz – sem o menor, sem a
sombra mais ínfima de pudor, de timidez, de vergonha na cara, de
hesitação, de recato, de cautela, de parcimônia – de
simplesmente desconsiderar que um homem palestra de pé diante dele,
enfurecer-se com o débil acesso à internet e bater com as mãos no
teclado do laptop xingando “fucking internet!”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">- </span><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Inveja de um ego
assim?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;">- ...</span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-25922727366918614002012-11-06T12:16:00.000-02:002012-11-14T22:02:08.078-02:00Coração apertado<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">16.10.12</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Ontem um aperto no coração
como há muito não sentido me tirou o sono. O retorno à Alemanha,
uma falta de ar tão inédita como detestável e um aperto no coração
me dizendo que eu só me iludia, que não ia conseguir nunca. Era
bobagem, era vão. Pelo amanhecer, tentei ser racional e entender a
naturalidade de um pensamento depressivo assim surgir em meio à
aflição causada por essa nova doença – uma bronquite
diagnosticada ontem, que por duas noites me impediu dormir, mas não
a noite de ontem, que eu já podia respirar melhor e por melancolia é
que não dormi – como se tal conclusão sombria fosse uma espécie
de atualização mental para corresponder ao débil estado físico,
mente e corpo andando juntos, andando mal. Pela manhã, com o sol
aquecendo agradavelmente meu rosto enquanto comia <em>Müsli</em> antes de
deixar a casa, tentei me convencer de que tanto esse modo de ser da
mente como o do corpo passaria.</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia; font-size: large;">[...]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Acabo de sair da primeira
aula do semestre de inverno, meu terceiro semestre na universidade,
aula do curso de teatrologia. Acabo de deixar a sala habitado por uma
paralisante sensação de desilusão e impotência, irmã severa e
terrível do aperto que acometeu meu peito ontem. Felizmente seu
ápice já passou. Inconscientemente eu devia saber que escrever
ajudaria a dissolvê-la, e talvez por isso mesmo foi que cega e
autonomamente caminhei até essa mesa onde nunca
antes me sentara e antes que eu pudesse me justificar o que tinha
vindo fazer aqui, já sacara da mochila a agenda e começara a escrever.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O que pensei há bem
poucos minutos e que causou um amargor na garganta foi que eu não podia nem nunca poderia vencer esse
país, esse povo, esse idioma. E não gosto de dizer isso, uma
superstição aprendida com a família e que me persegue mesmo hoje:
dizer algo negativo teria o poder de atrair coisas negativas. Ou
tentando racionalizar essa superstição, esse gesto de proferir uma
conclusão pessimista significaria proferir juntamente que a
conclusão terá de permanecer assim, que não poderá ser repensada
nem alterada depois. Mas num dia como hoje que se segue após uma
noite como a de ontem não preciso me poupar dos pensamentos mais
secos.</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Estou no terceiro semestre e talvez três das 200 pessoas com
quem convivo no campus não fingem que sou invisível e se dignam a
me dizer bom dia. Hoje entendi bem pouco acerca das decisões
organizatórias do semestre: provas, grupos que se deverão formar,
dramas a serem lidos, trabalhos a serem escritos. A ansiedade: a quem
desses que não me enxergam me humilhar perguntando sobre tudo o que
não entendi?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Confesso que a univerdade
é um prato cheio pra eu exercitar algo que talvez seja o que aprendi
com mais sucesso com minha família: a me vitimizar. Aqui estou a
todo o tempo encontrando motivos tão reais e palpáveis que, embora
eu deseje ser imparcial e combater essa minha abominável mania, é
difícil afirmar que eles não existem.</span></div>
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-38749901378247934252012-05-14T16:27:00.000-03:002012-06-02T13:01:27.364-03:00O Mar do Norte ou a praia severa<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">- Se tenho cachecol? Acho que vim sem, por que? A gente precisa de cachecol?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">- Mas é claro, lá faz frio! Tem vento. Venta muito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">- R. me disse que é frio, mas é praticamente verão. Eu não trouxe cachecol.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">- Pega o da L. Vamos levar casacos, botas de borracha pra caminhar, luvas, protetores de orelha, óculos escuros, água pra beber. Joga o cachecol ali na sacola da Ikea junto com as outras coisas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">- Deus, que frio! Eu não espero um frio assim quando vou à praia! Eu sou do Brasil - <span style="font-size: small;">e eu tinha dito pela centésima vez uma frase que agora dei pra dizer como quem - sim - como quem se orgulha e grita pelos sete ventos - eu nem poderia sonhar isso - mas gritei, de fato só na minha mente, porque na realidade só consegui proferir um balbuciamento bêbado devido ao queixo dormente e abobado pelo frio:</span> Eu sou do Braíu, eu sou braíêo, não gosto de tano frio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Só ali no meio daquele ciclone eu podia entender a sacolona da Ikea transbordando de roupas e acessórios de inverno. O frio me impedia de pensar - ou de pensar noutra coisa que não no meu corpo o experimentando.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Praia no meu país costuma ter palmeira, céu aberto, confusão. É uma praia lúdica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgLwQKygX5obNYYfgd20V_u9niW4GvmNIkkP4K9hOD6yCAiwFkKHFfFgMF8hwlp9CTw6QxHd9RALl6MQRsi2PnUaGdUogVzyJG5jC5-uny0MRZV8jeMUKN_wdvOu48zGEWSHtD3D8JYc/s1600/DSCN5962.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #666666;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHgLwQKygX5obNYYfgd20V_u9niW4GvmNIkkP4K9hOD6yCAiwFkKHFfFgMF8hwlp9CTw6QxHd9RALl6MQRsi2PnUaGdUogVzyJG5jC5-uny0MRZV8jeMUKN_wdvOu48zGEWSHtD3D8JYc/s400/DSCN5962.JPG" width="400" /></span></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUPW0YQyHeluhtK-CZ_lhG_z34Tb7AMxD_a9YpU-pvt4PBheQPgaq4TJKf0CKUahtr3Iw40HnFIMZ1kBGci3lKMv5Qi3POW26G6YoMeGSr0njYzhulQNlZc06PlTVrRevJofBo62nAbpk/s1600/DSCN5969.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #666666;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUPW0YQyHeluhtK-CZ_lhG_z34Tb7AMxD_a9YpU-pvt4PBheQPgaq4TJKf0CKUahtr3Iw40HnFIMZ1kBGci3lKMv5Qi3POW26G6YoMeGSr0njYzhulQNlZc06PlTVrRevJofBo62nAbpk/s400/DSCN5969.JPG" width="298" /></span></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxDJPVtvts33r0RfxLVNo-L6uo-q-fCTgg5jgVcSUSACwgZHh0j4Xt3stztQrZc0VinfX8O7sQKaFIASj_xFW9u6taZhZX_J2eP7m6PDywWlBFJ_8cKjGfdj0TjEm5Y3TUfHdeTuS3RMI/s1600/DSCN5996.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #666666;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxDJPVtvts33r0RfxLVNo-L6uo-q-fCTgg5jgVcSUSACwgZHh0j4Xt3stztQrZc0VinfX8O7sQKaFIASj_xFW9u6taZhZX_J2eP7m6PDywWlBFJ_8cKjGfdj0TjEm5Y3TUfHdeTuS3RMI/s400/DSCN5996.JPG" width="400" /></span></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsGVXW28LbuJUd9H0eM2BoGsUlfyr0E58GgrixgztB-We77_NdiETiPhzjESNcLTTxx44n3FkxanpazFSZQz1fhJbwTSVbtsCQLN-xdyUd9_GSw7TISjVsaDFbKZx0cyo-ojxLKbklNXk/s1600/DSCN5998.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #666666;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsGVXW28LbuJUd9H0eM2BoGsUlfyr0E58GgrixgztB-We77_NdiETiPhzjESNcLTTxx44n3FkxanpazFSZQz1fhJbwTSVbtsCQLN-xdyUd9_GSw7TISjVsaDFbKZx0cyo-ojxLKbklNXk/s400/DSCN5998.JPG" width="400" /></span></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi49lK_LZoueARIk6tP4bePUcEcfNb2THRlmLyCm69i8diKnjkg84w1C9xlIwf83dYFupgbYOCBRN2jBKGUDs20Y4zrGAsKnCEyjlpjoXmmrJnvJKlZRWo-hAjcGfV7a5i1HH0Om31RfGM/s1600/DSCN6000.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #666666;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi49lK_LZoueARIk6tP4bePUcEcfNb2THRlmLyCm69i8diKnjkg84w1C9xlIwf83dYFupgbYOCBRN2jBKGUDs20Y4zrGAsKnCEyjlpjoXmmrJnvJKlZRWo-hAjcGfV7a5i1HH0Om31RfGM/s400/DSCN6000.JPG" width="300" /></span></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVygYxLrCF9_31YRfDMEhdJDk9bzvuWgvlKt1YGJoxE78KCHBNZW-J_nEO9eILOGDWO8t_Llrt0qCMxsCJHgYhIYjHp_o5dXmb94SfDpImXBM3927-T0Y9xsCtWRAP6Iv2tY10zHjdct4/s1600/DSCN6010.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVygYxLrCF9_31YRfDMEhdJDk9bzvuWgvlKt1YGJoxE78KCHBNZW-J_nEO9eILOGDWO8t_Llrt0qCMxsCJHgYhIYjHp_o5dXmb94SfDpImXBM3927-T0Y9xsCtWRAP6Iv2tY10zHjdct4/s400/DSCN6010.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Vp7EIxbOHM8r3KFwUxGm3ReDrD_8z6ikLz8N_Q4L0ZuOE6CAMPGy4V7Y6E2TOcxoUZeQeJK5Tz5nbYiYAcunqokVuBejqbyr478OJfvq1IKgUslcfWZKM4CpNSWHL2titD0P_pXs1TM/s1600/DSCN6013.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Vp7EIxbOHM8r3KFwUxGm3ReDrD_8z6ikLz8N_Q4L0ZuOE6CAMPGy4V7Y6E2TOcxoUZeQeJK5Tz5nbYiYAcunqokVuBejqbyr478OJfvq1IKgUslcfWZKM4CpNSWHL2titD0P_pXs1TM/s400/DSCN6013.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaC5cSsuhPygND4-CxqeBDjXvn6z7WyV0OjWvPJMqUHR9DF-0add4I-GjM5aMj-YNITBW14b76TDy05zOuOi4u6eQ9D6JBXbiKNUyz-_sRd3uALuTqzvNdsF_SRp8Mz_oAyD0z2ETooEY/s1600/DSCN6022.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaC5cSsuhPygND4-CxqeBDjXvn6z7WyV0OjWvPJMqUHR9DF-0add4I-GjM5aMj-YNITBW14b76TDy05zOuOi4u6eQ9D6JBXbiKNUyz-_sRd3uALuTqzvNdsF_SRp8Mz_oAyD0z2ETooEY/s400/DSCN6022.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrmvkfvDdMWgRJiY9Dm7jwtmG0wN9SYYYiSXh2TlcJ3e9C7QryDmtz_XnwdLZaxSe9M5ZGWo9uQWkVKa30XLs1KwgKiqPx2fw1HbTlGqbCPiXyCOPr7HdGmv-UL7MDMeAzpnrphM1Fo0/s1600/DSCN6026.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrmvkfvDdMWgRJiY9Dm7jwtmG0wN9SYYYiSXh2TlcJ3e9C7QryDmtz_XnwdLZaxSe9M5ZGWo9uQWkVKa30XLs1KwgKiqPx2fw1HbTlGqbCPiXyCOPr7HdGmv-UL7MDMeAzpnrphM1Fo0/s400/DSCN6026.JPG" width="298" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXcHZ6Nhg7Qysc8DP6Qdl_iVr5zd1_RgGDw_oTXsjcbj_5yx9Z661_goWPU4Xd0oxFg-aP2pdfyxEqUFJ0qgTYas5A7BpjQnT9ZBvK8Go1DsCdkJIne5USYH8tMmAEanR-T0sgc9VhbZw/s1600/DSCN6028.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXcHZ6Nhg7Qysc8DP6Qdl_iVr5zd1_RgGDw_oTXsjcbj_5yx9Z661_goWPU4Xd0oxFg-aP2pdfyxEqUFJ0qgTYas5A7BpjQnT9ZBvK8Go1DsCdkJIne5USYH8tMmAEanR-T0sgc9VhbZw/s400/DSCN6028.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXW_rM2FINfF12jg_V0D0vaJwK0WeT_NcW7PfyUvZOmvcxANXYj6ViqFvs2mf24p4cOje4X7hJ4_Pscg0Rsrg3HCeCX8dCLE8JE-4cWmIQZ7hhObX7lm5NopROmTt-54gtT7SNpQ1x-gk/s1600/DSCN6031.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXW_rM2FINfF12jg_V0D0vaJwK0WeT_NcW7PfyUvZOmvcxANXYj6ViqFvs2mf24p4cOje4X7hJ4_Pscg0Rsrg3HCeCX8dCLE8JE-4cWmIQZ7hhObX7lm5NopROmTt-54gtT7SNpQ1x-gk/s400/DSCN6031.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJFNXeL2tWNoxBq6Fww2hlbHfeim4x8_VjwhrMFImg17GQjSPqQpU_OSfeK8Ty79kWM2vyJ3jpCzmG5fq9TIxOP_6Ny19Xg2aIIA0vrwyn5zWGNrK7heqkPdrc5PxRT3TK5ce-ukhtklM/s1600/DSCN6046.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJFNXeL2tWNoxBq6Fww2hlbHfeim4x8_VjwhrMFImg17GQjSPqQpU_OSfeK8Ty79kWM2vyJ3jpCzmG5fq9TIxOP_6Ny19Xg2aIIA0vrwyn5zWGNrK7heqkPdrc5PxRT3TK5ce-ukhtklM/s400/DSCN6046.JPG" width="298" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwpe0cL9LExK2rQHKcTHy61jh8QQjIxr9RbArZbVKRQumQdR7mBEhhF7OictXnQAI75s3QRxs405Wzw14z8o54C7e5uhk7p4XKnVi6J5KgRTE3Sn97uAxrckNdvrym5McI37S6Pxg7148/s1600/DSCN6049.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwpe0cL9LExK2rQHKcTHy61jh8QQjIxr9RbArZbVKRQumQdR7mBEhhF7OictXnQAI75s3QRxs405Wzw14z8o54C7e5uhk7p4XKnVi6J5KgRTE3Sn97uAxrckNdvrym5McI37S6Pxg7148/s400/DSCN6049.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxo4hwnF34_rZ3TP1pb19kHO8CLpwzDNRsArJgJ9C76Nv8jvWZl9yY0NPN3HmQbdmn-TtQwZ2D-x4oZ7yzjWGBtc5LisDa-XAfk1BqjdaJEc7WNblTcIgFMv1uxVMxIi0UufvEwY2F8So/s1600/DSCN6054.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxo4hwnF34_rZ3TP1pb19kHO8CLpwzDNRsArJgJ9C76Nv8jvWZl9yY0NPN3HmQbdmn-TtQwZ2D-x4oZ7yzjWGBtc5LisDa-XAfk1BqjdaJEc7WNblTcIgFMv1uxVMxIi0UufvEwY2F8So/s400/DSCN6054.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiai_KIryIwkOxAP27YR27ozpY57V_Xl7lgU_AN-ro9DLX6AqzH_Dlu67KBuwQP8NBYYrdQgm7vsvB731kCCoDgaF8cg1lMxvRaqVI6vpOSUI3ZpQfbKzuD-BZ8mmFUxs3cTapMMb2lJps/s1600/DSCN6057.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiai_KIryIwkOxAP27YR27ozpY57V_Xl7lgU_AN-ro9DLX6AqzH_Dlu67KBuwQP8NBYYrdQgm7vsvB731kCCoDgaF8cg1lMxvRaqVI6vpOSUI3ZpQfbKzuD-BZ8mmFUxs3cTapMMb2lJps/s400/DSCN6057.JPG" width="298" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKWf6U9XliGJftGpmU8SGhIfTmCMpwDTrRK5aX1c715hrkTwV_mvpqBcSVAxaAwZPw0cnRSj-Ky4hEZMKSwD40798VQhm46_sPyiBXnSWn4bPN-_9x8o6viy4aAgipLqHz4TUZP_7JtjQ/s1600/DSCN6060.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKWf6U9XliGJftGpmU8SGhIfTmCMpwDTrRK5aX1c715hrkTwV_mvpqBcSVAxaAwZPw0cnRSj-Ky4hEZMKSwD40798VQhm46_sPyiBXnSWn4bPN-_9x8o6viy4aAgipLqHz4TUZP_7JtjQ/s400/DSCN6060.JPG" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: #999999; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Fotos por R. Friedlein</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-29189153650359182112012-05-12T14:25:00.003-03:002012-06-02T13:01:27.345-03:00De Tenerife para a sala de jantar<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Nas últimas férias, eu e R. viajamos à Tenerife e à La Gomera, duas ilhas vizinhas pertencentes às Canárias. Saramago viveu os últimos anos de sua vida em Lanzarote, mais uma das Canárias. Ali nossas atividades consistiram basicamente em caminhar pela ilha por horas - nesse estilo de viagem e de lazer amado pelos alemães com a mesma intensidade com que é odiado pelos brasileiros - se mexendo, se exercitando, aproximando-se (sic) do próprio corpo, percebendo os músculos e como eles avançam para a exaustão, ao mesmo tempo em que se contempla a natureza da qual também - sim, sim! - se faz parte. Por que brasileiro detesta caminhar? - conclusões de uma relação binacional. Nunca tinha pensado nisso antes. Seria por ser um esforço físico? E esforços físicos estariam relacionados à trabalhos manuais e braçais e, por extensão, a uma situação de vida humilde e pouco privilegiada que os brasileiros desejam negar?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Como brasileiro, posso dizer que talvez negamos e fugimos de imagens que poderiam corresponder a um estilo de vida humilde - como andar a pé ou não ser dono de nenhum automóvel - porque realmente a tal vida humilde é a realidade de milhões de nós ou, se não for mais a realidade, é um fantasma à espreita. Na Alemanha descobri que brasileiro é inseguro de si mesmo e que tem baixa autoestima - ao contrário dos clichês que circulam dentro e fora das calorosas terras tupiniquins. Segundo essa minha teoria seria em razão dessa débil autoestima que brasileiros comprariam carro - desde Freud, isso é óbvio, eu sei, mas o que não é tão óbvio, pelo menos pra mim, é que também segundo minha teoria, brasileiros precisariam comer carne todos os dias por causa dessa mesma insegurança e do pesadelo da "pobreza". De fato, muitos brasileiros são impossibilitados por sua situação econômica de comer carne todos os dias, e aqueles cuja situação financeira permite o acesso diário à dieta carnívora fazem questão de segui-la todos os dias apenas para afugentar o tal fantasma da pobreza - infelizmente bastante real para alguns. No Brasil é preciso muita autoconfiança para não comer carne e muita autoestima para não ser dono de nenhum automóvel. Penso que poucos brasileiros não desconfiariam de um conterrâneo que os dissesse que não tem um carro simplesmente porque não deseja ter. Na Alemanha essa resposta não suscitaria as mesmas suspeitas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Mas de volta às ilhas, nem achei tão difíceis as caminhadas. Seria a ausência do sol que facilitou as coisas? Seria meu desejo de me afirmar alemão? Seria o amor? Seria simplesmente o reles desejo de fortalecer minhas coxas? Caminhei, caminhamos e na maior parte das muitas caminhadas que fizemos nas duas ilhas, foi agradável sim: o ar era bom, as paisagens, bem diversas entre si e cada uma me interessava em sua singularidade. Decidi ali mesmo fazer um pequeno projeto fotográfico: imprimir em tamanho real alguns caules que encontrasse pelo caminho e fazer uma instalação na sala de jantar. Para isso, não poderia fazer apenas uma foto, pois quando fosse impressa no tamanho desejado e real da árvore - uns 3 metros de altura - ficaria pixelizada. Fiz portanto como que panorâmicas verticais de cada caule, cerca de 6 fotos por caule, que depois foram fusionadas e formaram o caule inteiro. Hoje temos um pouco da flora das Canárias embelezando - com um senso de humor que eu gosto - nossa sala de jantar. Se o projeto for pra frente, o próximo passo serão caules brasileiros!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDwD4AIRoxNvha56nDoetu4L_EP0oIMeXlRcfKYCE2kxV4_AL9W72bDpasvaKikvcpnjeZ3p-T3tYg4f2WESPSDIzgGvBZA_t8NXuZY4c5d-AGlCV3yKBS3NOasjpZj1KReC8xs2b2wC4/s1600/DSC_0412.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDwD4AIRoxNvha56nDoetu4L_EP0oIMeXlRcfKYCE2kxV4_AL9W72bDpasvaKikvcpnjeZ3p-T3tYg4f2WESPSDIzgGvBZA_t8NXuZY4c5d-AGlCV3yKBS3NOasjpZj1KReC8xs2b2wC4/s400/DSC_0412.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzGidEmk4o-d3Qs7ePe1yA53LnIy7ZXB901lLdZ0RDAYrOAAZS64nKYs6_bz4kKD_O_gWZNQLZ4QtxCLSBjQiGz9EQ689d1o7RR7DB5aNvlGUvy5IMKqX9qdbX1MCHzGeRr8gIpsd8Doo/s1600/DSC_0415.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzGidEmk4o-d3Qs7ePe1yA53LnIy7ZXB901lLdZ0RDAYrOAAZS64nKYs6_bz4kKD_O_gWZNQLZ4QtxCLSBjQiGz9EQ689d1o7RR7DB5aNvlGUvy5IMKqX9qdbX1MCHzGeRr8gIpsd8Doo/s400/DSC_0415.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_IeR3J_cc7TYG2CJpMd5kvJI8U6my75trV36T1l-hCKLN6XtnlehWyVP0BpAK0DDuszqfPGnN2wFQdWMSIU-UuC5i2Y7zCckRQ0NyQLyypB6GkxnUSS9hHZrkGUI_zenqk-Tb-_5LyZY/s1600/DSC_0344.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_IeR3J_cc7TYG2CJpMd5kvJI8U6my75trV36T1l-hCKLN6XtnlehWyVP0BpAK0DDuszqfPGnN2wFQdWMSIU-UuC5i2Y7zCckRQ0NyQLyypB6GkxnUSS9hHZrkGUI_zenqk-Tb-_5LyZY/s400/DSC_0344.JPG" width="266" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG0W7tRWrtaiSywe-D0n3z0OpjgBwWrbeM36j9s3FAAs-xyNv2SDFFCYU2aPkFTBthNayk1PdgCeC1wzkL6E6A0frjybX_AWSZ676roz0xntKB4-3wvdWyyfFJ89ng8XdGx8V_KkBaIM8/s1600/DSC_0310.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG0W7tRWrtaiSywe-D0n3z0OpjgBwWrbeM36j9s3FAAs-xyNv2SDFFCYU2aPkFTBthNayk1PdgCeC1wzkL6E6A0frjybX_AWSZ676roz0xntKB4-3wvdWyyfFJ89ng8XdGx8V_KkBaIM8/s400/DSC_0310.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDA1zUVoYjg-0qYz-NKNj8aqG8ZefeJoIEk-vQ79fmjP8sZXtuuWR8AK2wUEyrHvU-JXN8G-lfPZEtmzguHpGJdr85RYPsKZKo5LqW2gcw1LUOiHCnZ5844s3S7mcU7T-RF2L2J4KU8Kg/s1600/DSC_0286.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDA1zUVoYjg-0qYz-NKNj8aqG8ZefeJoIEk-vQ79fmjP8sZXtuuWR8AK2wUEyrHvU-JXN8G-lfPZEtmzguHpGJdr85RYPsKZKo5LqW2gcw1LUOiHCnZ5844s3S7mcU7T-RF2L2J4KU8Kg/s400/DSC_0286.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiICnJJFitEAXnmTNUvSOnI_bG5uV0gDjqBK2S12vDN0tAg0DmBWWIFoMkRPr1-uY4C0qOpLY9dxHcfuQdZk2YcsoPXezuEwfnBk3M6K3e4tx5lH_ItUEtgEYOXvBLCujGD0k892x-SCz8/s1600/DSC_0202.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiICnJJFitEAXnmTNUvSOnI_bG5uV0gDjqBK2S12vDN0tAg0DmBWWIFoMkRPr1-uY4C0qOpLY9dxHcfuQdZk2YcsoPXezuEwfnBk3M6K3e4tx5lH_ItUEtgEYOXvBLCujGD0k892x-SCz8/s400/DSC_0202.JPG" width="267" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJlQ5uoYwng1b6JoT3WJByXazBJE6kIAI5IMt_g234eALd46aovedalEmeKBjyApnzPpU4epfHkUIjyPomh13sherJabTFUWLU8q3I0XQKbaH7CfjOmt1aC-xatgdYwDpQ9Ov84L9M9zY/s1600/DSC_0189.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJlQ5uoYwng1b6JoT3WJByXazBJE6kIAI5IMt_g234eALd46aovedalEmeKBjyApnzPpU4epfHkUIjyPomh13sherJabTFUWLU8q3I0XQKbaH7CfjOmt1aC-xatgdYwDpQ9Ov84L9M9zY/s400/DSC_0189.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS3gZcJhymWNKVA_VBOGPydxFQDsDZ6geO2DykE2SShYGPVKwLS-K1ER3LVkLCanfg7kYW1D_2joHpBtafmOuVxN1beGiWUSdVRg3C3-ZbjFhL3MuRgffN92Lp4RKfd3kqnIR3_pZOHZA/s1600/DSC_0040.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #0c343d; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS3gZcJhymWNKVA_VBOGPydxFQDsDZ6geO2DykE2SShYGPVKwLS-K1ER3LVkLCanfg7kYW1D_2joHpBtafmOuVxN1beGiWUSdVRg3C3-ZbjFhL3MuRgffN92Lp4RKfd3kqnIR3_pZOHZA/s400/DSC_0040.JPG" width="400" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3dmjV5AE4fMiWFQagDXZAjg28_cpw1UvP81bRNrGMgH0yBV3bt6Qrnj5Lrp5ztL753EtfQX4pj48zEL0nV9KSo9p-aB6V-fG0YLw-Lp1_0xg10H5cdJo4v7qA4TkJIcAlHSe7T1nq6TM/s1600/DSC_0374.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3dmjV5AE4fMiWFQagDXZAjg28_cpw1UvP81bRNrGMgH0yBV3bt6Qrnj5Lrp5ztL753EtfQX4pj48zEL0nV9KSo9p-aB6V-fG0YLw-Lp1_0xg10H5cdJo4v7qA4TkJIcAlHSe7T1nq6TM/s400/DSC_0374.JPG" width="267" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOqg0wJdwuUVEtOkUCgfNfxXkPYYJhknnkgx8ui30Kv1XD7J6pzjf8Fs6ZcC5_Yn6YHdQ-3evmvR3FHi1qA7wMiGrmG605j_jSceezU52bLM0XESgROsQhMFbK04UC76wUu4bfnAt9TBE/s1600/DSC_0313.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOqg0wJdwuUVEtOkUCgfNfxXkPYYJhknnkgx8ui30Kv1XD7J6pzjf8Fs6ZcC5_Yn6YHdQ-3evmvR3FHi1qA7wMiGrmG605j_jSceezU52bLM0XESgROsQhMFbK04UC76wUu4bfnAt9TBE/s400/DSC_0313.JPG" width="267" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho6fXriN5uff9tNhiUInLwl2AxpsNHicKWUPyW8YWONoB6Lq35WI-mhXMU9MHOub_QZblZTn6bwB4nd9FNyWlj07qPPdZRls5Q89Yh-A-O-mAAm6HCvZvxWXyjjwcE3YPx24UdONyYN0M/s1600/DSC_0306.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho6fXriN5uff9tNhiUInLwl2AxpsNHicKWUPyW8YWONoB6Lq35WI-mhXMU9MHOub_QZblZTn6bwB4nd9FNyWlj07qPPdZRls5Q89Yh-A-O-mAAm6HCvZvxWXyjjwcE3YPx24UdONyYN0M/s400/DSC_0306.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdAEAeniawNROd7yh2DS6CokpR3nFVlgcE18G1gRTwTkUkhcySgAyFFElXigmGTqPecqbUPthaPLO5tJs0Tp91QyhQgOw7yI6zDvG_IXEzaQZPOXrAFamwyICyv1HCFIR7dP5X4eycPFk/s1600/DSC_0241.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdAEAeniawNROd7yh2DS6CokpR3nFVlgcE18G1gRTwTkUkhcySgAyFFElXigmGTqPecqbUPthaPLO5tJs0Tp91QyhQgOw7yI6zDvG_IXEzaQZPOXrAFamwyICyv1HCFIR7dP5X4eycPFk/s400/DSC_0241.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNsqWxBI9xxPRwxucuRqwU_639_Zv7qgLKLZYsf7mYNlTFgXREnwMxfe7LP1T63YXx9flnpqy136oxfSYsKcjwgwBS_I73zqtZjEzxzyG4iQ6qZhNsow2IZ0qYnTojxISA0_1Ttji26Co/s1600/DSC_0157.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNsqWxBI9xxPRwxucuRqwU_639_Zv7qgLKLZYsf7mYNlTFgXREnwMxfe7LP1T63YXx9flnpqy136oxfSYsKcjwgwBS_I73zqtZjEzxzyG4iQ6qZhNsow2IZ0qYnTojxISA0_1Ttji26Co/s400/DSC_0157.JPG" width="267" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEighFn-w3YDnL7hWWLNT0ZwWIvukP8HepzZtGbYi0p5fWmJccZjepW-5q-fmWg9kPdpLMuumL0Fcg2enMpQkcrrfc8ZA7e1w9Fen2jxecBsqrJDHytxK5LTfa2ohyphenhyphenmezI_rHI1FR_KuvdY/s1600/DSC_0004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEighFn-w3YDnL7hWWLNT0ZwWIvukP8HepzZtGbYi0p5fWmJccZjepW-5q-fmWg9kPdpLMuumL0Fcg2enMpQkcrrfc8ZA7e1w9Fen2jxecBsqrJDHytxK5LTfa2ohyphenhyphenmezI_rHI1FR_KuvdY/s400/DSC_0004.JPG" width="267" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP2uwTnNHjAGr1G2b5FKbH23SLQ_lR4lCHpVwDD0S_u1j5nVgHCEvMBnnJmQFKJ-CAwPriYMubB-jsCe1p6AjzXxpMMSIqip4VhZEzrtECrXXzLeZr-x30ldyHDA3WrMlBWC88xEq5axc/s1600/DSC_0007.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP2uwTnNHjAGr1G2b5FKbH23SLQ_lR4lCHpVwDD0S_u1j5nVgHCEvMBnnJmQFKJ-CAwPriYMubB-jsCe1p6AjzXxpMMSIqip4VhZEzrtECrXXzLeZr-x30ldyHDA3WrMlBWC88xEq5axc/s400/DSC_0007.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzl5GqdFNJz6NExLWORm1KvM3kYCaqWX4BOyxE5HYUoA-im1KMLz2QPRGeswMaF4lbIhgLmxb1LG10esjQril7JZydidUAeE9rZqbOCEF2Zg2_6UjBLbPS1-oam-0W2wu7aRXHrMshk2g/s1600/DSC_0010.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzl5GqdFNJz6NExLWORm1KvM3kYCaqWX4BOyxE5HYUoA-im1KMLz2QPRGeswMaF4lbIhgLmxb1LG10esjQril7JZydidUAeE9rZqbOCEF2Zg2_6UjBLbPS1-oam-0W2wu7aRXHrMshk2g/s400/DSC_0010.JPG" width="400" /></a></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-77507750682093180292012-05-03T09:47:00.001-03:002012-06-02T12:36:36.098-03:00Manda Bala, um filme pra perder as palavras<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguwoz1hJHaRJTofESVtOeYFtTPy6K__TEuPpbJ89lBwfIjWEJPBXbdo2HOrqgKXEJaispTAEn7FvWBtJd6arQJVd8mubF6XUdW68UwS6vGenUPF7vCZ-HVu8wS-QebVF0no8FkjEidh7A/s1600/manda+bala.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguwoz1hJHaRJTofESVtOeYFtTPy6K__TEuPpbJ89lBwfIjWEJPBXbdo2HOrqgKXEJaispTAEn7FvWBtJd6arQJVd8mubF6XUdW68UwS6vGenUPF7vCZ-HVu8wS-QebVF0no8FkjEidh7A/s400/manda+bala.jpg" width="270" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span lang="EN">Vontade súbita de chorar no final de "Manda Bala", documentário do americano Jason Kohn. O choro por vezes é o caminho que tomam os que não podem argumentar, como as crianças, ou como alguns adultos diante de um problema ou situação para o qual não crêem haver argumentos ou justificativas possíveis: então se chora, infantilmente, como as crianças. Chora-se onde não há palavras, onde o absurdo dissolveu a razão. Em muitos momentos durante o filme, senti-me assim: diante de um absurdo tão grande, de um paradoxo tão incontornável que toda habilidade lingüístico-cognitiva me pareceu deixar de fazer sentido, não havia nada que eu pudesse dizer, em palavras, capaz de resolver a situação que eu contemplava na tela. Diante desse absurdo, a razão é como um par de sapatos bonitos que alguém recebe de presente e que não pode usar por serem menores que os seus pés.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Muitas vezes quis gritar durante o filme, atônito, infantil, animal e impotente. A razão insistiu imperar e não o fiz. O filme de Kohn oferece um retrato estarrecedor da corrupção, do crime e da violência no Brasil, enleando-os por um fio que se inicia no Pará, numa fazenda de rãs, passa pelo político corrupto Jader Barbalho, pela história do escandaloso roubo de bilhoes de reais da SUDAM e segue até São Paulo, a maior estatística mundial de seqüestros, onde apresenta a tétrica indústria que se ergueu em seu entorno, como o negócio dos carros blindados ou o da cirurgia plástica para reconstituição de orelhas perdidas nesses crimes.</span></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman;"></span><br />
<span style="font-family: Times New Roman;"><div align="justify">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></div>
<div align="justify">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Apenas no final do filme, porém, quando o diretor faz sua última entrevista, com Magrinho, um bandido de alguma favela paulista, o absurdo salta poderoso sobre mim e a vaidosa razão, que cai débil. Magrinho já seqüestrou muitas pessoas, já cortou seus dedos e orelhas e os enviou aos seus familiares junto com flores e um bilhete solicitando alguns milhoes de dólares; com o dinheiro, ele ajuda a comunidade em que vive, compra gás e remédio a quem precisa. Tem nove filhos; dez se contar com a atual gravidez da esposa. Sua última frase para a entrevista e imediamente antes do final do filme é "quem sabe um dos meus filhos pode ser o presidente do Brasil e endireitar?".</span></div>
<div align="justify">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">
</span></div>
<div align="justify">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Na tela, no lugar antes ocupado pelo rosto encoberto do bandido, surge a bandeira nacional bailando graciosamente ao som da enérgica "Dê um rolê", dos Novos Baianos. Bem aí chorei como uma criança que desconhece o verbo e a razão. Só pude reagir assim a essa obra que me revelou, mais uma vez, o imenso e severo paradoxo do Brasil. Quantos anos tem Magrinho? Os mesmos 27 que eu? E parece se relacionar com a moral de um modo tão diferente do meu. Imagino-o pegando no chão um dedo que acabou de ser mutilado. Imagino um dos seus filhos sendo presidente. E não tenho nada contra a presidência do seu filho, não se trata disso. Não sei se o Magrinho ou se o seu filho futuro possível presidente me atordoam mais do que o também bandido Jader Barbalho. Se trata do fato disso tudo ser possível e de que isso não apenas pode existir como de fato existe: Jader Barbalho, Magrinho e o seu filho presidente - também esse último é possível - e podem ser entendidos como entidades que existem e se espalham por todo o Brasil - para falar apenas desse país.</span></div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<span style="color: #666666; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Trilha sonora pulsante e bem escolhida.</span></div>
</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxJetzhtf13NJbbX_JTWR-CtgpNTbuS18rHozLB-z935Tb4n-Zot-8SCYaeefAFQUrKUwbWJPSj8Ya0a_q3fw' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0Bochum, República Federal da Alemanha51.4818445 7.216236351.4027365 7.0583078000000006 51.5609525 7.3741648tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-11148167884607409942011-12-20T15:11:00.000-02:002012-06-02T12:36:35.888-03:00Filme: A casa muda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJoMiBfQekkoBMNMHHyxnFUQrgTiBPAzsRbQPVrBnHAAAXdrQD02zm9u_Z2zcpjV0Q-5foL5L2YcoCuCGCtaBA3h55lAZSIoPPHEl9AcRMMDuvhEN1nbi35Gsng_Bn-Q4epNv5guGrLrI/s1600/La-Casa-Muda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="424" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJoMiBfQekkoBMNMHHyxnFUQrgTiBPAzsRbQPVrBnHAAAXdrQD02zm9u_Z2zcpjV0Q-5foL5L2YcoCuCGCtaBA3h55lAZSIoPPHEl9AcRMMDuvhEN1nbi35Gsng_Bn-Q4epNv5guGrLrI/s640/La-Casa-Muda.jpg" width="640" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: blue; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><em>La casa muda</em> é um filme entediante. Eu só queria que passasse logo. O filme só me lembrou que uma escolha técnica criativa <strong>não</strong> é capaz de sustentar um filme. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: blue; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O burburinho em torno dessa película se deve a dois motivos: o primeiro, porque ela foi rodada usando apenas uma câmera fotográfica. O segundo, porque se pensava que fora rodada numa única tomada de 78 minutos, só depois soubemos que na verdade foram 14 tomadas unidas de um modo que ocultava os cortes.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: blue; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Enfim, com ou sem cortes, a casa muda continua muda pra mim.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-46380558031224178472011-12-20T14:41:00.000-02:002012-06-02T12:36:35.981-03:00Filme: O homem do lado (TOP dos melhores assistidos em 2011!)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFJQhnTPpPgL_3a2lqvCMsw7hnzWte0Mgw0Ijl3_MpDQk-ZqpTk3guQZXDdHXiHgboiLIkbMrRbtXWUOrqWqxkRPDVMZbkW163jTHVZxMkEpm9PIZ2AcdpqaVhQeXdvfwH21bFGbfEIA4/s1600/el+hombre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="358" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFJQhnTPpPgL_3a2lqvCMsw7hnzWte0Mgw0Ijl3_MpDQk-ZqpTk3guQZXDdHXiHgboiLIkbMrRbtXWUOrqWqxkRPDVMZbkW163jTHVZxMkEpm9PIZ2AcdpqaVhQeXdvfwH21bFGbfEIA4/s640/el+hombre.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Uma paulada na minha consciência. Tive muitos momentos constrangedores na frente da tela do computador, durante esse filme, pra mim certamente um dos melhores do ano. Felizmente eu estava sozinho e nao precisei me envergonhar coletivamente.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Se posso confiar um pouquinho só na sensibilidade das pessoas que foram ver esse filme no cinema, é certo e esperado que elas também passassem pelo constrangimento que passei.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Cinema tem de mexer, gerar sensaçoes e pensamentos pra valer a pena!</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Esse filme argentino, além de ser um prazer e uma delícia visual do início ao fim, ambientado na única casa que Le Corbusier fez na América Latina, é uma brilhante discussao sobre a arrogância da elite intelectual frente a simplicidade e os (nobres?) valores das pessoas humildes, como fidelidade, amizade, honra.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Faz pensar! E o final me deixou literalmente paralisado por pelo menos 5 minutos.</span></span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-5192940968742845142011-12-20T14:20:00.001-02:002012-06-02T12:36:36.007-03:00Filme: A serbian Film<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTnZfKp8A5mCaTN6ZL0p7yqNnHuJH9uUr7cMDGiGwJZWWKaOgDuD_Q6iWLGGcYb54e4EDe2jAd3VQE1xl6vuFmF91WRMUhdUtBZscllIZo0IdhdVmPsu_PBf5NBWxFUuf0TpVLwBoJ8J8/s1600/a-serbian-film-terror-sem-limites-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="348" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTnZfKp8A5mCaTN6ZL0p7yqNnHuJH9uUr7cMDGiGwJZWWKaOgDuD_Q6iWLGGcYb54e4EDe2jAd3VQE1xl6vuFmF91WRMUhdUtBZscllIZo0IdhdVmPsu_PBf5NBWxFUuf0TpVLwBoJ8J8/s640/a-serbian-film-terror-sem-limites-3.jpg" width="640" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Foi apenas pesquisando uma imagem para ilustrar meu curto e superficial comentário sobre esse filme, que descobri seu nome em português: A serbian film - Terror sem limites.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Quando eu o assisti há alguns meses, desconhecia o complemento "Terror sem limites", e agora que o descobri, ele me fez pensar no que a falta de limites significa no caso particular dessa película.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Seu subtítulo nao é uma propaganda enganosa: o terror ali é mesmo ilimitado. Claro que sempre se pode ser mais explícito e filmar de modo mais claro o horror, mas esse nao é o ponto, e sim que as ideias que produzem o terror ou que os temas-tabus estao todos ali.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">E apesar de tudo, nao me assustou, nao me chocou, nao me tocou. Serei eu o frio e perverso que de noite desejo dormir com algum garotinho de 11 anos? Bem longe de mim.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Acontece que esse filme é ordinário e coisa ordinária nao mexe comigo. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um filme infantilmente exibicionista que tenta inclusive buscar profundidade usando um tema político como subtexto - a autovisao da Sérvia no contexto europeu - como se a afirmaçao da película mesma de que ela também é política, simbólica e metafórica, de que ela discute temas políticos recentes relevantes ao seu país de origem pudesse sancionar ou justificar a necessidade (SIC) do monte de sangue e polêmica que ela espalha pela tela apenas para causar impacto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O que ficou claro pra mim foi uma exibiçao barata de um elenco de tabus como numa ganância para se fazer enxergar como filme comercial que concorre com tantíssimos outros pela atençao do espectador, sem oferecer nada senao um horror vazio.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A ausência de limites aqui só significou uma descida ao mais baixo nível da competiçao mercadológica oferecendo aos olhos uma imagem vazia de qualquer conteúdo e filmada de um jeito ordinário, convencional e previsível. Deu saudade dos diretores adultos.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-59578766444130928432011-12-20T13:33:00.000-02:002012-06-02T12:36:36.034-03:00Filme: You don't know Jack<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW3rgTssIq5Mx6YXh71aYPRm4ikThwUAMsdIwB7NXSpzUU6ulBbAsVO3jVNwHB4QU5I0MOMuWrlo5xcEjHkzrB4rIaDsxrnTNOiuc3EL1YhKJBlcxVC8g6g0OSfpaLlP7ieIsqJbDwr-Y/s1600/you_dont_know_jack_2010_1024x576_338272.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="360" oda="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW3rgTssIq5Mx6YXh71aYPRm4ikThwUAMsdIwB7NXSpzUU6ulBbAsVO3jVNwHB4QU5I0MOMuWrlo5xcEjHkzrB4rIaDsxrnTNOiuc3EL1YhKJBlcxVC8g6g0OSfpaLlP7ieIsqJbDwr-Y/s640/you_dont_know_jack_2010_1024x576_338272.jpg" width="640" /></a></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-size: large;">Parece desnecessário dizer que Al Pacino está ótimo nesse filme, uma espécie de "People vs. Larry Flynt". Mas nao vi o filme apenas pelo Pacino, também o tema me interessa bastante: o debate sobre a eutanásia, aqui impulsionado pelo heterodoxo médico americano Jack Kevorkian, que inventou sua "máquina da morte", como os jornais da época maldosamente a chamaram, e ajudou mais de 100 doentes terminais a porem fim a suas vidas.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-size: large;">O conceito de "terminal" também foi discutido pelo Dr. Kevorkian, juntamente com outra médica, aqui interpretada pela sempre agradável Susan Sarandon. Polêmico e necessário.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-37889527737728128792011-09-16T20:25:00.004-03:002012-07-22T14:42:39.548-03:00CRETA<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>Creta, um diário</strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong></strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>Grécia, a irmã europeia</strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq2lJiyN4j9tucUxEK0M-Hhh7hoIbLCy4RDJUJBMIaW531y-NUsV9Uu9fgzOqQdUSSQkTVT4MGo-Rl-3makf5YCi2d0WjQhyphenhyphenb0W9IBtSriT7uveox_iKX4zqYvbBsaTx83sDpkxRJIVCQ/s1600/DSC_0168.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq2lJiyN4j9tucUxEK0M-Hhh7hoIbLCy4RDJUJBMIaW531y-NUsV9Uu9fgzOqQdUSSQkTVT4MGo-Rl-3makf5YCi2d0WjQhyphenhyphenb0W9IBtSriT7uveox_iKX4zqYvbBsaTx83sDpkxRJIVCQ/s640/DSC_0168.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A Grécia é até agora o país europeu mais brasileiro que conheci: tem esse delicioso caos orgânico no ar - do qual tanto se queixa no Brasil e tanto se pode sentir falta quando não se vive mais naquele país; essa vida que foi se desenvolvendo à força do sol e do sangue e que não se deixa - simplesmente porque não pode - organizar-se sistematicamente tal como a civilizadíssima e frouxa vida da Alemanha ou da Europa do Norte.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHQN_7A0SfGeO6L6kANB5lKiMFzNjPauFvDsAFNtQLnvwypr0DJFiBjFI6lacpvd9UuzBapsjNckWFMYKNqsaEvfZ8Bq_FqcQnq62yh1WMISg8pINwjJ2u4JQCnkNG-XyQpzXJmEP330s/s1600/DSC_0247.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHQN_7A0SfGeO6L6kANB5lKiMFzNjPauFvDsAFNtQLnvwypr0DJFiBjFI6lacpvd9UuzBapsjNckWFMYKNqsaEvfZ8Bq_FqcQnq62yh1WMISg8pINwjJ2u4JQCnkNG-XyQpzXJmEP330s/s640/DSC_0247.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A arquitetura das casas, sem a necessidade de paredes de um metro de espessura como na Alemanha para isolar seu interior do frio; o arranjo das vilas, como que pousadas sem planejamento nem geometria sobre as nuas montanhas da ilha e como que crescidas seguindo apenas a mesma lei que faz as plantas buscarem o sol; a pracinha no centro da cidade grudada à igreja matriz e margeada por um ou mais bares cujos fregueses são homens e nunca mulheres - a sociedade patriarcal-sexista-machista; a religião reinando do seu jeito surdo sobre os costumes e as opiniões de um modo que já não o pode fazer em muitos outros países europeus; os homens machos-ingênuos pré-corrupção metrossexual ou pré-compreensão antropológico-política da homossexualidade; a imensa quantidade de carros em uma vila tão pequena, especialmente caminhonetes - automóvel que nunca vi na Alemanha - enfim, isso e muitas mais coisas não me diziam que eu visitava um pedaço da Europa, mas me lembravam do Brasil e da própria vila em que vivi até os 21 anos, para o bem ou para o mal, conforme a perspectiva que eu escolhesse pensar.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Já no primeiro dia em Creta, dirigindo por entre automóveis sem placa frontal e motoqueiros sem capacete, R. me prediria sorridente: “Até o fim dessa viagem vais descobrir que no fundo és mediterrâneo, filho!”, e eu sorriria fascinado pela ausência de leis no trânsito cretense, e me lembraria de Goiânia ou de Luanda.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No entanto, para os autores dos dois guias de viagem que levamos conosco, o que chamo aqui de “delicioso caos” só podia ser negativo, pois esses livros decidiram acabar com a raça de Creta de um jeito bem menos bondoso do que eu já ouvira antes dizer sobre Maiorca. Inclusive eu já tinha entendido, depois de todas as conversas que presenciara na Alemanha sobre essa ilha, a maior das baleares, que ela encarnava o turismo cafona e massificado. Mas agora, segundo a opinião dos dois livros sobre Creta, essa ilha parecia superar folgadamente o turismo barato de Maiorca. Na opinião dos livros, Creta é para onde vão as hordas de turistas escandinavos pobres e gordos a fim de conseguir seu sol anual ou estudantes alemães incapazes de juntar dinheiro suficiente para os deixar aterrissar bem na frente de uma boate em Ibiza. Nem eu nem R. sabíamos disso antes de comprar nossos bilhetes, e R. sabia apenas que nenhum dos seus amigos tinha estado na Grécia, sem saber ao certo o que isso podia significar.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Mas da mesma forma que eu concluiria alguns dias depois, pela experiência, que os guias de viagem não mentiam e talvez nem mesmo exagerassem os pontos negativos da ilha grega, também saberia que é possível fugir à fealdade e ao tédio do turismo massificado. Para isso, duas coisas decidiram na alteração bastante positiva de nossas percepção e interação com a ilha: as duas habitações em que nos hospedamos, ambas isoladas da massa turística; ou melhor, três coisas, se considerarmos também o carro que tivemos ao nosso dispor durante toda nossa estada.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br /></span> </span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>Com o vento, na montanha</strong></span></div>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span><span style="color: #444444;"></span></span><span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj14BMfN1f2Wdd_e32jvkgcHzk_ciHUV86u9b8DGvWKJ9Mao5mrsnr3FrSzTfk4zr_n-j4ZWellRT7BnNnWZFeey8kWjC76VUD47C96H5JKm0niwRTw4epxzeq980h1Q2zEQ10NMT5vQgg/s1600/DSC_0079.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj14BMfN1f2Wdd_e32jvkgcHzk_ciHUV86u9b8DGvWKJ9Mao5mrsnr3FrSzTfk4zr_n-j4ZWellRT7BnNnWZFeey8kWjC76VUD47C96H5JKm0niwRTw4epxzeq980h1Q2zEQ10NMT5vQgg/s640/DSC_0079.JPG" width="640" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A primeira habitação, onde ficamos uma semana, foi um bangalô no alto da montanha e, logicamente, longe da praia, oferecido pelo casal Helena e Babi. Babi, um desses gregos machos-ingênuos, de cabelos negros e bigode opulento; por não falar inglês, sorria mais do que a esposa, que sabia esse idioma e que precisava usar menos o sorriso como linguagem. Vez ou outra, esquecendo-se de que nós não falávamos grego, ou simplesmente querendo se comunicar, ele soltava algumas frases nessa sua língua divertida.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O bangalô era espaçoso e me soou agradavelmente familiar; diferente das outras viagens, em que não podíamos cozinhar no hotel e em que eu era forçado a romper com meus hábitos alimentares, ali estávamos quase como em casa, com panelas, geladeira e uma horta - isso melhor do que em casa, onde não tínhamos uma! - com tomates, pepinos, berinjelas e melâncias orgânicos inteiramente à nossa disposição, e eu gostei do ritmo calmo e pouco ansioso que nossa vida ali recebeu.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhitXlWU0tvVWnNTBZBQz40wrmFnhQSnJZc0kXMVOEsEgxWG1hVjbtlWI7VWpTGXUgamicMc7ke9YHwPXjW7dTtDI7aXndVWoqh1oQ8Z_CBP40CKC7CuGrLim3FDGiDoTacwfVGZj1XsGE/s1600/DSC_0207.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhitXlWU0tvVWnNTBZBQz40wrmFnhQSnJZc0kXMVOEsEgxWG1hVjbtlWI7VWpTGXUgamicMc7ke9YHwPXjW7dTtDI7aXndVWoqh1oQ8Z_CBP40CKC7CuGrLim3FDGiDoTacwfVGZj1XsGE/s640/DSC_0207.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nos três primeiros dias houve um vento cinematográfico que especialmente à noite - no raríssimo silêncio que aqui ela possuía - trazia um misto de embevecimento e suspense e, antes, enlaçava-nos e oferecia-nos àquela mesma terra com vegetação rasteira e agreste que ele varria e onde as cabras berravam para se ouvir umas às outras e assim encontrarem juntas o campo onde deveriam dormir. Finalmente encontrados sem o arsenal a que recorremos diariamente para dispersar nossa atenção da nossa natureza mais elementar e da posição de nossa existência na complexidade do universo, fomos capazes de ouvir o vento noturno e as cabras buscando um campo para passar a noite e entender que nossa humanidade pode ser muito mais cúmplice do vento e das cabras do que imaginávamos antes de subir a montanha.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybQsGvwvxKR01YNdVkxPo_KoPun3FSOegyN-mWlI74FIaZ8bj6y4fuoH9O8_uLMHTj9TelxBmeLfqi4oYhcqL5BwZVvNtU50Z5o41g_NfMsAcoqyKWA7ddbVUT3p0wzNAODuKUCaFWP4/s1600/DSC_0332.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiybQsGvwvxKR01YNdVkxPo_KoPun3FSOegyN-mWlI74FIaZ8bj6y4fuoH9O8_uLMHTj9TelxBmeLfqi4oYhcqL5BwZVvNtU50Z5o41g_NfMsAcoqyKWA7ddbVUT3p0wzNAODuKUCaFWP4/s640/DSC_0332.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O bangalô da Helena permitia uma vista semelhante à que se tem quando se viaja de avião e ele prepara para pousar. Era embevecedor sentar na varanda como quem paira sobre o mundo. Sob nossos pés, estavam algumas vilas mais próximas da montanha seguidas por Heráklion, a capital da ilha, à beira de um mar já esfumaçado pelos 16 quilômetros de distância do bangalô.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Krousonas, a vila imediatamente antes da montanha onde se situava o bangalô, não era bonita nem especial. De bom, talvez o fato de que não fora lembrada pelo turismo e de que seguia calmamente os seus dias sendo apenas o vilarejo que era. Ninguém ali falava inglês e R. adorava saber-se num lugar em que a língua nacional reinava e ria dessa língua internacional e também adorava vivenciar as deliciosas alternativas comunicativas que surgem desse contexto.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Ali compramos algumas vezes. Lembro-me aqui, com um sorriso no rosto, da história dos queijos: a esposa quis nos sugerir um queijo mais macio, mas o marido fez cara feia pra ela e nos sugeriu um mais curado, aromático e macho; cada um dos dois nos ofereceu um pedacinho para provar e, incapazes de decidir entre os dois ótimos queijos ou antes, sem querer ferir a opinião de nenhum dos dois, levamos queijo em dobro. No geral, as frutas também eram boas, e as pequenas pêras da ilha, doces e suculentas.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No único café da cidade, tomamos uma vez durante o dia um frapê - um café cremoso e gelado, famoso entre a juventude grega. No momento de pagar, o barman, um simpático rapaz que imagino ter a minha idade, pergunta-me num inglês mais árido que o meu se posso fazer uma foto com ele porque me pareço com seu amigo. Faço a foto contente, mas depois não consigo me convencer dessa desculpa do grego.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiizjLxgfhyphenhypheni05QuEcsw6DDM_poejEuXj1U8sPoaZhpL3-gmYDAbSYmDs8X3RWak69ehqjqKwqGYazN4dClxxRMQdYFeTY4OUbw40vKq1x7TIM9VIgikkAe7T19zr1LFeQqy1vXWH4B7lE/s1600/DSC_0304.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiizjLxgfhyphenhypheni05QuEcsw6DDM_poejEuXj1U8sPoaZhpL3-gmYDAbSYmDs8X3RWak69ehqjqKwqGYazN4dClxxRMQdYFeTY4OUbw40vKq1x7TIM9VIgikkAe7T19zr1LFeQqy1vXWH4B7lE/s640/DSC_0304.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Durante a semana que passamos na montanha, descemos algumas vezes para ir à praia, o que significava dirigir pelo menos duas horas apenas para ir, por estradas sinuosas, curvas que exigiam cuidado constante e penhascos perigosamente bonitos. Ao descer a montanha, eu descobriria que um som muitíssimo mais comum na ilha do que o berrar das cabras era o chiar das cigarras que habitavam gloriosamente cada uma das milhares de oliveiras presentes em toda a ilha - parecia que nossa montanha era o único lugar onde elas não viviam - e enchiam nossos ouvidos durante o percurso até o mar.</span></div>
<div>
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSaWJRqJqAd7LsP6e6yKdxe-npTWf7Y795BawGXtranelKKF9GOrDWBJJCKlgOVtzeyVzhtvuBYCS_36-TJ-44MW_KvJb2_ko7ccFxmzpLBXUrRgPjf3gRC9Epl31cNzoCoTNx5Gw8keM/s1600/DSC_0366.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSaWJRqJqAd7LsP6e6yKdxe-npTWf7Y795BawGXtranelKKF9GOrDWBJJCKlgOVtzeyVzhtvuBYCS_36-TJ-44MW_KvJb2_ko7ccFxmzpLBXUrRgPjf3gRC9Epl31cNzoCoTNx5Gw8keM/s640/DSC_0366.JPG" width="640" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um dia na praia não se encerrava sem um desses abundantes jantares gregos em algum restaurante que descobríssemos entre o mar e o bangalô. Com a pele salgada - sem banho de chuveiro - e com shorts, comíamos alguns mezédes - as pequenas e diversificadas porções gregas que despertam uma ansiedade que nos faz desejar provar tantas que, no final, come-se mais do que se comeria num jantar com um prato convencional. E o que nos esperava no final desse exagero - a curtíssimo prazo, porque a médio eu deixo de pensar! - era a sensação de que não precisávamos disso tudo e de que a comida só foi abundante, mas não maravilhosa.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Logo entenderia que tínhamos de ser cuidadosos na nossa relação com os sedutores mezédes, assim como entenderia que era impossível eu não sair bêbado de um jantar grego - parecia que os vinhos irrompiam do chão bem abaixo das mesas do restaurante - e que os restaurantes tinham de possuir no mínimo um gato para que pudessem funcionar.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nos jantares, ao pagar a conta, empanturrados e bêbados, víamos que esses herdeiros de Dioniso ainda podiam mais: e nos mergulhavam em mais álcool - adeus o reinado do vinho, era a vez do ouzo - um destilado de casca de uva com cerca de 40% de teor alcoólico servido silenciosamente sempre no momento de pagar o jantar em todos os restaurantes a que fomos - juntamente com berrantes melâncias vermelhas; vinho, ouzo, melância, tudo germinado do árido solo de Creta, tudo cultivado por mãos de Babis bigodudos e morenos pelo sol. E no Brasil não se pode fazer nascer uma pêra...</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDvVd2m7OLOXwdo0ISeum21bPTwz7FoNkoLbJywAU22YDbJsSc7iKokcnm8_kC23S2B_OxngXHZqHyFO56NHrVIi4At95AIXK6KdFEjLE5DYTYAmxbu-yzTugb3tuuCrcX_nD7Et8Mvuc/s1600/DSC_0283.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDvVd2m7OLOXwdo0ISeum21bPTwz7FoNkoLbJywAU22YDbJsSc7iKokcnm8_kC23S2B_OxngXHZqHyFO56NHrVIi4At95AIXK6KdFEjLE5DYTYAmxbu-yzTugb3tuuCrcX_nD7Et8Mvuc/s640/DSC_0283.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Voltar pra casa à meia-noite, tragados pelo vento e pela escuridão, e termos de dirigir por duas horas por entre as envenenadas curvas da ilha, era uma aventura de que eu podia prescindir, mas até que nos transferíssemos para a outra habitação mais próxima do mar, R. teria de conduzir o carro à contragosto pelas rodopiantes montanhas de Creta. Isso mudaria a partir do oitavo dia na ilha com nossa transferência para um apartamento alugado numa pousada bem mais próxima do mar.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nesse novo endereço teríamos menos o sentimento do épico - que tínhamos isolados num bangalô praticamente sem vizinhos no alto da montanha - nele teríamos vizinhos, a pousada tinha cerca de 10 estúdios e, apesar de não parecer esplendidamente exclusiva como os bangalôs da Helena, estava bem longe de se assemelhar aos colossais hotéis cinco estrelas de 292 suítes e salas de café-da-manhã do tamanho de pistas de patinação cheias de crianças birrentas vendidos pelas agências de viagem. E pensar que um dia eu pensei que isso fosse chic ao olhar nas revistas de turismo as piscinas que esses hotéis sempre têm que podem acomodar uma orca, e ser seduzido por tanta pompa. Que bom que R. mudou meu gosto.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br /></span> </span><br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><strong>Na praia, com as ninfas</strong></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRa58I1eAQHCaF8KqCOsYA2odaC2ntBqrM5IhlzDXJye8QVDVvb-_1XPTmiz2j0IZ77o3Z_LbpSjQSW_rv1qa-1pDMK86ZhXM6r8hsj85mmMx_gcOPKZTunVjnku9CJA-qgzVPPRoBR9Y/s1600/DSC_0372.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="427" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRa58I1eAQHCaF8KqCOsYA2odaC2ntBqrM5IhlzDXJye8QVDVvb-_1XPTmiz2j0IZ77o3Z_LbpSjQSW_rv1qa-1pDMK86ZhXM6r8hsj85mmMx_gcOPKZTunVjnku9CJA-qgzVPPRoBR9Y/s640/DSC_0372.JPG" width="640" /></a></div>
</div>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span><span style="color: #444444;"></span></span><span style="font-size: large;"></span><span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na manhã do oitavo dia chegamos à pousada das Ninfas e fomos recebidos por Pepi, a sazonada e solitária deusa, e única ninfa presente na pousada das Ninfas; docemente delicada e esvoaçante como se espera que esses espíritos sejam. Alaranjados cabelos displicentemente presos no alto da cabeça por florzinhas que colhera nalguma mítica floresta, vestido verde delicioso como o vento e sandálias de velcro porque afinal ela parecia preferir subir as escadas solidarizando-se com seus hóspedes a flutuar. Apresentou-nos nosso invulgar apartamento nas cores bordô-turquesa - “ninfas têm bom gosto!”, eu pensara - e com um sorriso fez surgir sobre a mesa uma cesta de frutas e uma garrafa de vinho. “Que gentis são as ninfas!”, dissera R.. “Que gentis e que chics!” - completara eu - “porque a gentileza é chic!” Já não havia mais ninfa no apartamento quando terminamos de dizer essas coisas. Alguém bateu à porta. “I found these flowers for you!” - e ela, já do lado de fora, entregou a R. um vaso com singelas mini-rosas como as que tive na infância no jardim de casa. E sumiu novamente.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmDeQe2kU-ZP7nGcIDjtvxDUA25uqdUmb2Dv2ZCGWYStnxLLTYknORgOqtHHTifvOTJMr4bM1J_kFAxiTWSH-WFzF84pHMz2yst-XCph-niI6LQzbs9EG6HvKkplrJOMoQiw-H-c_vcPo/s1600/DSC_0378.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmDeQe2kU-ZP7nGcIDjtvxDUA25uqdUmb2Dv2ZCGWYStnxLLTYknORgOqtHHTifvOTJMr4bM1J_kFAxiTWSH-WFzF84pHMz2yst-XCph-niI6LQzbs9EG6HvKkplrJOMoQiw-H-c_vcPo/s640/DSC_0378.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O apartamento era menor do que o bangalô, mas certamente mais bonito e charmoso. A vista era menos imponente, mas a proximidade do mar era um luxo que não tínhamos na montanha. Aqui teríamos de dirigir bem menos para poder tomar banho salgado e as alternativas gastronômicas se multiplicariam - Heraklion, a capital, ficava a menos de 10 quilômetros, e Rethymnon, a segunda maior cidade, a cerca de 70; mas quilômetros que seriam percorridos numa ampla estrada nacional e não em tortuosas estradinhas - isso faria toda a diferença no momento de dirigir.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nesse primeiro dia, gostei de conhecer e já tentei aproximação com a família de gatos que vivia na pousada. A gata-mãe me pareceu amorosa e carente.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY7ct7mBQFjwetZzJhuwJvqB0lKfDxZdMIRkxby_4aPXuStbJ4L85lAFL5Oz0GBtdRUq4a9IYByO0PWLa7ug0lOLkPTVjDyVuMfcSfjxFChnTfnturLdLadMcaIiBBlVxVFLzlx5jotAI/s1600/DSC_0471.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY7ct7mBQFjwetZzJhuwJvqB0lKfDxZdMIRkxby_4aPXuStbJ4L85lAFL5Oz0GBtdRUq4a9IYByO0PWLa7ug0lOLkPTVjDyVuMfcSfjxFChnTfnturLdLadMcaIiBBlVxVFLzlx5jotAI/s640/DSC_0471.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No segundo dia, descobri que a piscina da Pepi era refrescante na medida certa pra mim e adorei; já quase podia me contentar apenas em ver o mar durante meu banho em água doce, porque confesso que água salgada sempre me irrita um pouquinho.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nem mencionei antes a piscina da Helena, pois era como se não existisse pra mim. De água tão fria, apenas R. podia reinar ali sozinho, porque ninguém senão ele era capaz de usufruir desse luxo mal executado oferecido por Helena no alto de sua montanha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Os dias seguiriam gostosamente calmos em semelhança àqueles passados na montanha. No café, comeríamos as suculentas e doces uvas e pêras da região com o bom pão que os cretenses também sabiam assar; o untávamos com azeite e comíamos com tomates frescos, queijo e sardinha. Depois, piscina, sol, vento, visão do mar e leitura. Eu terminaria de ler “Diante da dor dos outros”. No almoço, R. cozinharia um dos seus cremosos arrozes mediterrâneos - mesmo que eu não goste muito de sépia ou de mexilhões, eles sempre serão cremosos - e sentaríamo-nos na varanda como dois reis que têm o mar. A gatinha manhosa miaria abaixo do nosso estúdio, o mais alto da pousada, e eu me sentiria satisfeito. Na garrafa do vinho presenteado, o rótulo pareceria-nos dizer mais do que apenas da bebida: “Kritikos Topikos” era seu sugestivo nome. E assim satisfeitos iríamos para o mar, com uma bola que eu encontraria na piscina, de que me apropriaria durante toda minha estada e que faria minha festa nos banhos seguintes.</span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_-a2t3uY5bG5ppsDBrWKRCFvIJ7puNo0LZStCrjmDw4150OR1Q5jLVj2v25S-yjIAvN6bDRgokjJJBlmKnZrOckbdmTemhfm_0DeVuo0lQH-jFarXeY0SmA4pnFg5fQkTYCjARFg47G4/s1600/DSC_0568.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_-a2t3uY5bG5ppsDBrWKRCFvIJ7puNo0LZStCrjmDw4150OR1Q5jLVj2v25S-yjIAvN6bDRgokjJJBlmKnZrOckbdmTemhfm_0DeVuo0lQH-jFarXeY0SmA4pnFg5fQkTYCjARFg47G4/s640/DSC_0568.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span><span style="color: #444444;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Eu perceberia que em Creta as praias, por alguma razão, não podiam ser muito alegres e viçosas como o são no Brasil ou em Menorca. Aqui elas eram áridas e pouco verdes; não tinham palmeiras como eu espero das praias.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Num desses dias, tentando conhecer uma praia mais bonita nas proximidades de Rethymnon, terminamos por entrar acidentalmente num hotel-clube que possuía uma praia particular. Estacionamos o carro sem problemas com a segurança do local, pegamos nosso aparato de banho: um feio saco preto contendo a bola e uma mochila com toalhas, livros e câmera, e nos infiltramos pelo sem fim de jardins que nos levaria à praia exclusiva.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O hotel era imenso e tinha uma piscina capaz de acolher folgadamente uma orca. Na porta de um dos apartamentos, li o número 2252 e me perguntei perplexo o que ele poderia significar. Os labirínticos jardins não possuíam um galho desarranjado; a grama era curta e brilhante. O conjunto todo lembrou R. das primeiras viagens que fizera com os pais na década de 70 - quando esse hotel com seus jardins teria sido inaugurado e assim, imutavelmente, percorrido as décadas.</span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Lembrei-me do Ricardo Scamarcio no delicioso “Éden a oeste” - tudo aqui assemelhava-se tanto ao clube que seu personagem invade nesse filme, que imaginei estar exatamente na mesma locação usada na película do Costa-Gavras. Imaginei a câmera atrás de mim e a deliciosa missão de usurpar aquele mar e aquela praia. Não foi difícil encontrar a saída do labirinto seguindo um garçon com uma bandeja de bebidas. Sorri para dois funcionários que encontrei no meio do caminho, acenei um “tchauzinho” para um hóspede que procurava uma mesa vazia na sala de jantar que dava para o jardim, treinei dizer a um suspeitoso segurança “we are in the room two hundred forty-two”, e finalmente a praia se revelou. Sem ser muito mais especial do que as outras em que tínhamos estado, mas refrescantemente proibida, e a bola que eu trazia no meu saco de mendigo foi humilhada pelo colchão de ar que alguém deixara na areia simplesmente para eu poder realizar meu sonho de experienciar o poder e a glória que é subir em um desses colchões. Nunca rira tanto num banho de mar. Na saída, pra minha definitiva alegria, encontramos um chuveiro de água doce; nem foi preciso usurpar também a piscina, coisa que estávamos dispostos a fazer. </span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeecncbnY6VXCF1tuutNU8Kt5bPNlF1xcII3megF2G09oOoK_r64qqRAEFdmf8dIHxYMFaxb-GuNxzMkBu5DgxbVB_nYClb0dKnL76CmZ63zHutBzyCMgT_PTG0VGpQ_0OKwRBYCpbOJU/s1600/DSC_0440.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeecncbnY6VXCF1tuutNU8Kt5bPNlF1xcII3megF2G09oOoK_r64qqRAEFdmf8dIHxYMFaxb-GuNxzMkBu5DgxbVB_nYClb0dKnL76CmZ63zHutBzyCMgT_PTG0VGpQ_0OKwRBYCpbOJU/s640/DSC_0440.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na terceira manhã na Pousada da Pepi, vejo desde nossa varanda a gata ser aliciada por um hóspede na sua varanda; sinto-me enciumado e decido agir. Horas depois, desço do apartamento, encontro a gata lá embaixo e a chamo com calma e paciência para o nosso apartamento. Suspeitosa, mas carente, não foi difícil conduzi-la até a varanda e exibi-la ao hóspede vizinho. Ofereci-lhe o melhor queijo que tínhamos e ela miou pra mim como quem prometesse fidelidade. R. cozinhava um dos seus risotos. A partir daqui eu a chamaria de Willycat, a feminina e manhosa Willy. Mas quando eu e R. nos sentamos na varanda pra comer o risoto, estávamos sozinhos, e só no dia seguinte eu entenderia um pouco a estranha fidelidade felina.</span></div>
</div>
<div>
<br /></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMO5WmuNGzLKU3D13uaVuMgYmSFEn1GYJXN2GYpNplAY0khgW6xpaxtYmBFUnIQ17_rxJgdQNTAWb5avGDgk7EH9JRX1Apnizo6cAVo8tVYz0VXBD76IklCtKKBHPSVszvwRaHA02VeE8/s1600/DSC_0480.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMO5WmuNGzLKU3D13uaVuMgYmSFEn1GYJXN2GYpNplAY0khgW6xpaxtYmBFUnIQ17_rxJgdQNTAWb5avGDgk7EH9JRX1Apnizo6cAVo8tVYz0VXBD76IklCtKKBHPSVszvwRaHA02VeE8/s640/DSC_0480.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Aconteceu que na manhã seguinte ouvi da minha cama um miado muito próximo e miei também porque posso me comunicar eximiamente com os gatos. Willy então miou manhosamente; sentei na cama e a vi deitada numa das cadeiras da nossa varanda. Ela subira bravamente pelas colunas e varandas dos outros estúdios - pra conseguir comida ou pra estar em nossa companhia, não importava - para repousar na nossa varanda e eu gostava disso.</span></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Por volta do nosso penúltimo dia na pousada, sentia-me íntimo de Willy e podia miar pra ela da varanda que ela me respondia e nos visitava em seguida, subindo corajosamente pelas outras varandas. Achava divertida nossa comunicação animal. Nesse dia também me dei conta de que não lembrara de molhar as flores que Pepi nos ofertara e me senti levemente envergonhado por cuidar tão mal de um lindo presente. Peguei-as na mesa onde teimavam milagrosamente viçosas, pois estavam há quase uma semana sem receber água, e quis molhá-las imediatamente, mas assim que as tive perto dos olhos percebi desconcertado que eram de plástico! R. quis abafá-las imediatamente no armário na tentativa de educar a ninfa, mas eu ri, percebendo nesse episódio novas semelhanças com o Brasil e deduzindo que a avó de S. também era uma ninfa e que as duas seriam amigas se se conhecessem.</span></div>
<div>
<br /></div>
</div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div>
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Era nosso último dia em Creta. Na manhã seguinte quando Willy subisse pelas varandas, fosse para nos acordar ou para conseguir uns pedaços de queijo, encontraria apenas a cadeira de bambu onde poderia repousar antes de descer. A viagem chegara ao fim e, sim, R., eu era mediterrâneo e Heráklion era Goiânia, e tinha seu Goiânia Shopping com uma praça de alimentação efervescendo com jovens alegres e desatentos. Se eu entrasse nesse ambiente, descobriria que aqui, tanto como ali, esses jovens se perfumam, não gostam de ler, falam alto sobre assunto nenhum, têm blackberries, desejam um Ipad 3, pensam em propor sexo a uma amiga e nunca pensam em coisas tristes. Alguns passos saindo do shopping para qualquer direção já são suficientes para se chegar a algum bar ou boate. Pergunto-me como duas cidades tão distantes e que se ignoram mutuamente podem possuir tanta similitude, mas sem desejar saber se existe resposta, apenas aceito sorrindo essa constatação.</span> </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNTJMpZpUmNzT05ZDsIFDV58ls54n4bO9mvZQL5lsZuvE9I1T-rjw7Z9913YJCBnQC7XA_FDmkWw3i6vjB2UA4mSWi2TBvwY2P1l7hisnd2UuVpJsMbX1bbEu-CZK72BGeUATgfxE_FVA/s1600/DSC_0521.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="428" rba="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNTJMpZpUmNzT05ZDsIFDV58ls54n4bO9mvZQL5lsZuvE9I1T-rjw7Z9913YJCBnQC7XA_FDmkWw3i6vjB2UA4mSWi2TBvwY2P1l7hisnd2UuVpJsMbX1bbEu-CZK72BGeUATgfxE_FVA/s640/DSC_0521.JPG" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
</div>
</div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-19355819497879794552011-08-10T20:22:00.000-03:002012-06-02T12:36:35.917-03:00Os amores imaginários<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_TKAmNDiFEmQeyRjHFiklKgtrqttqTlU8AGXXrxXCCiy_rb_dF6m1KrhY781C_TiCxrUtj7IHTkZJJGyodZawuMO8DczA4p3e0zmLkrkb06YQpItbWP7gXEMd2LoFtQ6amBv6yc9XPc8/s1600/xav.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_TKAmNDiFEmQeyRjHFiklKgtrqttqTlU8AGXXrxXCCiy_rb_dF6m1KrhY781C_TiCxrUtj7IHTkZJJGyodZawuMO8DczA4p3e0zmLkrkb06YQpItbWP7gXEMd2LoFtQ6amBv6yc9XPc8/s400/xav.jpg" width="300" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-large;">Les amours imaginaires</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Sim, é o Dolan arrasando mais uma vez, depois do seu histérico J'ai tué ma mère (Eu matei minha mae).</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Quem já viu os dois filmes sabe que o garoto é bom e que já encontrou sua identidade plástica visual - ou seja, a autoria de seus filmes pode ser identificada a partir de seu estilo visual e de suas opçoes estéticas: uso de câmeras lentas, um Almodóvar bastante colorido e revisitado pelo <em>cool</em>, só pra citar alguns exemplos. Aliás, acho que isso é o que o garoto tem de melhor: bom gosto estético.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">No mais, no campo psíquico-emocional seus filmes nao parecem ter bastante maturidade e, muitas vezes, sao rasos. O que acho normal, afinal nao estamos diante de um realizador de meia idade e com suficiente experiência de vida para poder compreender todos os delicados problemas que ele se propoe discutir.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">E nao, eu nao amo os filmes do Dolan. Sim, também morro de inveja dele.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-39835749069891980082011-08-10T19:57:00.000-03:002012-06-02T12:36:35.951-03:00Todos os outros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuK3U2ru7mtd_PpFeg_I0svrDhj043Kz3l7KpO3ocAzB1dkQJYN-tuSK2WKgNGsFyU7KeMMPlskinqeefVNsF9jdFFYQnHTb2YqJWuoZzjg4GGdtqIj6gZiHzY6xLxCd43bnygvXgDBcY/s1600/alle.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuK3U2ru7mtd_PpFeg_I0svrDhj043Kz3l7KpO3ocAzB1dkQJYN-tuSK2WKgNGsFyU7KeMMPlskinqeefVNsF9jdFFYQnHTb2YqJWuoZzjg4GGdtqIj6gZiHzY6xLxCd43bnygvXgDBcY/s400/alle.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgREsqywFeeAxkN5pLlJ4aZbaInANPXGZvW-X_T_uEeXI3wG-gghwyER9ce0az1l_AwekO33io3k7d4U3SdbsbAvCa9As1FFVPN3lpr46SIx_G7k_znWC5S4MXXNNmawIhLGXvxIhT1vwc/s1600/alle+f.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgREsqywFeeAxkN5pLlJ4aZbaInANPXGZvW-X_T_uEeXI3wG-gghwyER9ce0az1l_AwekO33io3k7d4U3SdbsbAvCa9As1FFVPN3lpr46SIx_G7k_znWC5S4MXXNNmawIhLGXvxIhT1vwc/s400/alle+f.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7SypAvIPHo98eZQdsidbxVnGLH-wh2LkQHt5IQfoqTot3CdVBCrtooCVXFKZ2D8sps9knYgc24R_CLgRzE0Id6FPV5tTzrstkHRdQcx7kjIzd91zF7G7J1a1vvMI5gZUgbkb7EI_0rMA/s1600/aller.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7SypAvIPHo98eZQdsidbxVnGLH-wh2LkQHt5IQfoqTot3CdVBCrtooCVXFKZ2D8sps9knYgc24R_CLgRzE0Id6FPV5tTzrstkHRdQcx7kjIzd91zF7G7J1a1vvMI5gZUgbkb7EI_0rMA/s400/aller.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Assistir a Alle anderen (Todos os outros, em português) é ser lembrado que o bom cinema nao precisa de tanta coisa como Hollywood parece nos ensinar. É mais do que suficiente boas atuaçoes, bons diálogos e boa fotografia.</span><span style="font-size: large;"> Depois disso, o que vem é bônus e prescindível.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Alle anderen narra a história de um casal como muitos que há, sem tornar essa narrativa um épico e sem transformar esses dois protagonistas em heróis, como o cinema americano adora fazer: aqui eles sao o que sao: anônimos como quase todos nós e sua história nao quer ser um épico nem ser maior do que é.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O filme aceita o seu humilde lugar entre os filmes que <em>apenas</em> discutem relacionamentos anônimos, e aceitando-se, é ótimo e verdadeiro. As atuaçoes do casal sao hipnotizantes e o filme, um mergulho, um estudo como poucos que vi sobre o relacionamento amoroso. Estonteante.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-8890219513287778892011-08-10T19:28:00.000-03:002012-06-02T12:36:36.117-03:00Red, White and Blue<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAMD7SUSsj1tw1lpH5f_NHTS3X2Gw4ljQOS9YpRjlpCR8mlOBQA14Sg4zP6wjPU1p99AU3WX1HUAr-R4P6jwXI1sSveFLuY8SD_DYR9KR9hE0NOjUySqi1XtVT2ln9NaPugZJE5kiNGWg/s1600/Red_white_and_Blue.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAMD7SUSsj1tw1lpH5f_NHTS3X2Gw4ljQOS9YpRjlpCR8mlOBQA14Sg4zP6wjPU1p99AU3WX1HUAr-R4P6jwXI1sSveFLuY8SD_DYR9KR9hE0NOjUySqi1XtVT2ln9NaPugZJE5kiNGWg/s320/Red_white_and_Blue.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Chocante, intenso, vertiginoso, explícito, esse filme me lembrou o Haneke. (Para ler mais sobre o cinema desse austríaco genial, clique aqui: </span><a href="http://cioranismos.blogspot.com/2009/02/haneke-noe-e-von-trier-tres-caras.html"><span style="font-size: large;">http://cioranismos.blogspot.com/2009/02/haneke-noe-e-von-trier-tres-caras.html</span></a><span style="font-size: large;">)</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Válido e delicioso apenas (num sentido muito masoquista) aos que nao se poupam nada. De paralisar.</span></div><br />
<br />
<br />
Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9180991295627861309.post-27002278037945325362011-08-10T19:13:00.000-03:002012-06-02T12:36:35.942-03:00Be with me<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05L7wR6CHr1Zbf85h3m1iSBwjHEUspk6VsZfFCC79blLEgZIqfQUbAKdHjijyTqXBNetFXczgmydVcqvifQWqAtgC7Kci-t8BY4CMFecdpAUDj8fWhoeNL-myJFrjV6XKhJiwgcgU3sU/s1600/be.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" naa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05L7wR6CHr1Zbf85h3m1iSBwjHEUspk6VsZfFCC79blLEgZIqfQUbAKdHjijyTqXBNetFXczgmydVcqvifQWqAtgC7Kci-t8BY4CMFecdpAUDj8fWhoeNL-myJFrjV6XKhJiwgcgU3sU/s400/be.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><strong>Be with me</strong> é um filme que exige paciência e silêncio, por fora - na sala, no quarto onde você se dispor a assisti-lo - e por dentro - da sua mente.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Recomendo, sim, estar em silêncio e sem pressa, preparado, enfim, para ouvir e ver (mas que ironia!) a história que Theresa, cega e surda, quis nos contar.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O filme evita o máximo que pode o barulho e os sons ambientes prescindíveis. Restam os diálogos - que sao poucos - e momentos em que nao se ouve um zumbido de inseto, tal como deve ser para Theresa, nossa brava narradora que nao pode enxergar nem ouvir.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Mas diferente do que podem pensar, nao estamos diante de um melodrama, e é difícil nos aproximar dos personagens, como somos acostumados a fazer buscando afinidades e identificaçoes, porque aqui eles quase nao conversam e sao filmados quase como num documentário enquanto cozinham sozinhos em casa ou conversam pelo MSN.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: #444444; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um filme de uma ternura rarissíssima, que dificulta até mesmo chorar, porque geralmente só sabemos chorar com melodramas baratos.</span></div>Franz:::http://www.blogger.com/profile/05749823526060797810noreply@blogger.com0