quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Obsessão

Ontem pouco antes de adormecer, pensei novamente que fosse morrer. Mas desta vez consegui resistir o gesto quase automático de trazer a mão direita ao peito para me certificar se tinha um coração batendo ali. Na hora, pensei que se eu não trouxesse a mão e se o coração estivesse inerte, era melhor eu não saber disso - eu não precisava saber - em seguida minha consciência se dissolveria, da lucidez à alucinação, como uma imagem captada por uma câmera, no início muito nítida e brilhante, depois sem foco, depois só um borrão amorfo até escurecer e já não ser nada. Pensei que minha consciência fosse ter a morte muito suave das chamas das velas no seu último minuto acesas: elas dançam silenciosas ao mesmo tempo em que vão diminuindo, sempre conciliadas com a verdade de que vão morrer, até se apagarem no mesmo silêncio em que dançavam. Essa minha obsessão de morte existe há mais de um ano? Sozinho no escuro, sem nada para enxergar ou ouvir fora de mim, nunca estou tão perto de mim mesmo ou tão sozinho. Li que o Cioran também tinha uma obsessão de morte. Será se ele também pensava toda noite antes de dormir que fosse morrer bem ali? Será se vou morrer aos 80 como ele ou se numa dessas noites vou pensar certo?

3 comentários:

  1. Olá, deixei um selo no meu blog para os melhores blogs de cinema que conheço. Um dos escolhidos é o teu; para pegar o selo, passe no meu blog! Parabéns pelo teu trabalho! Abraço!

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  2. Cara, sou muito sonso com algumas coisas digitais: fui lá no seu site, mas não sei se peguei algum selo, não kkk
    Mas muito obrigado por ter se lembrando de mim, nem sei se mereço, considerando que quase nunca escrevo e que escrevo mais sobre mim do que sobre cinema. Grande abraço!

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