quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fotografia: Ryan McGinley e a beleza da vida bruta

É com muita alegria que escrevo sobre esse jovem fotógrafo americano de 33 anos que está entre meus 5 fotógrafos vivos preferidos e que certamente é um nome que merece ser lembrado desse universo efervescente, mas com tantíssima repetiçao, que só há um ano fui descobrir - a fotografia.
As fotos que mais gosto do McGinley sao as séries que ele fez dos seus amigos, documentando encontros e saídas que fizeram juntos. Talvez eu goste tanto dessas fotos porque percorri um caminho antes de chegar ao McGinley, e nesse caminho o que mais vi foram fotos de moda. Inclusive as fotos que nao clicavam roupas, as que clicavam por exemplo uma bromélia na floresta, terminavam por se assemelhar àquelas porque pareciam se importar tanto com o controle da luz e da vivacidade das cores - que sempre eram saturadas, e que apesar de clicarem a natureza, estetizavam-na tanto que a convertiam num cenário lindo demais, perfeito demais para o real e, portanto, uma coisa que me parecia falsa.
Logo concluí que havia uma montanha de fotos assim. Parecia que TODO MUNDO fazia fotos assim. Foi já cansado dessas fotos que cheguei ao McGinley. E adorei.
Nao tinha moda nas fotos dele, porque nao tinha nem mesmo roupa. E também o olhar dele nao transformava a natureza numa coisa mais bonita (e portanto falsa) do que eu entendia que ela devesse ser. Seus modelos estavam nus, e eram seus próprios amigos. As fotos tinham sido feitas durante reunioes desse grupo de amigos: com música, com cerveja, com sexo, com algum desentendimento, como é normal. Nao havia planejamento e nem controle da situaçao, o único planejamento era decidirem se reunir.
O que resultava nas fotos era a vida em movimento, pulsante e afirmativa. Subir em cima de uma árvore só pra ter medo de descer depois, ter um olho roxo mas ser feliz por ter feito o que quis fazer, tomar um banho de cachoeira ou um banho conjunto numa banheira pequena, correr pelo campo - a felicidade entendida como adesao à natureza e como afirmaçao do animal natural que também somos. Afirmar e lembrar da alegria, e nao da tristeza do corpo. As experiências prazerosas que se pode ter simplesmente com o corpo que se tem. Sem acessórios, sem moda, sem rótulos, sem luxo.
Depois dessas séries, digamos, documentais, McGinley também sucumbiu e foi clicar roupas/artistas, praticamente a mesma coisa. O olhar, porém, tenta continuar simples, anti-estetizado e anti-glamourizado, mas eu prefiro lembrar do McGinley fotografando o essencial da vida, a beleza da vida simples e bruta, a única coisa que conta - um banho de banheira com os amigos.











4 comentários:

  1. Estou lendo America, do Baudrillard e me lembrei do livro imediatamente. O deserto é implacável, tem um fatalismo que (me) encanta, ao mesmo tempo em que é metáfora do mito da America enqto lugar de liberdd e possibilidds, onde todos podem tudo. E tanta coisa mais...
    Enfim, adorei as fotos!
    abs! =)

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  2. Sou apaixonada por fotografia. Não sou fotógrafa e provavelmente não tenha muito talendo para tanto. Mas amo o que as imagens provocam em mim.
    Me apaixonei pela alma das fotos de Ryan Mcginley.
    Ele consegue captar a pureza das relações, mesmo quando estas têm um certo teor sexual. Tudo é muito natural, muito bonito e sem pudor.Livre.

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  3. Brigado pelos comentários, Wlad e Mari. McGinley realmente é lindo. Também nao entendo muito de foto, mas pelo menos, posso sentir quando algo é belo. E essas fotos me deixam fascinado porque a mim, parecem retratar momentos em que as pessoas abraçam a dimensao pura e livre da vida. Lindo demais.

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  4. Olá Franz, parabéns pelo belo blog. As fotos de McGinley são belas e inocentes, aquela segunda inocência que é preciso conquistar para o olhar,para a vida, para ser livre enfim.

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