segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Mar do Norte ou a praia severa

- Se tenho cachecol? Acho que vim sem, por que? A gente precisa de cachecol?

- Mas é claro, lá faz frio! Tem vento. Venta muito.

- R. me disse que é frio, mas é praticamente verão. Eu não trouxe cachecol.

- Pega o da L. Vamos levar casacos, botas de borracha pra caminhar, luvas, protetores de orelha, óculos escuros, água pra beber. Joga o cachecol ali na sacola da Ikea junto com as outras coisas.

(...)

- Deus, que frio! Eu não espero um frio assim quando vou à praia! Eu sou do Brasil - e eu tinha dito pela centésima vez uma frase que agora dei pra dizer como quem - sim - como quem se orgulha e grita pelos sete ventos - eu nem poderia sonhar isso - mas gritei, de fato só na minha mente, porque na realidade só consegui proferir um balbuciamento bêbado devido ao queixo dormente e abobado pelo frio: Eu sou do Braíu, eu sou braíêo, não gosto de tano frio.

Só ali no meio daquele ciclone eu podia entender a sacolona da Ikea transbordando de roupas e acessórios de inverno. O frio me impedia de pensar - ou de pensar noutra coisa que não no meu corpo o experimentando.

Praia no meu país costuma ter palmeira, céu aberto, confusão. É uma praia lúdica.
































Fotos por R. Friedlein

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